SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse neste domingo (5) que a decisão da Alemanha de cancelar protestos a seu favor não é algo muito diferente das "práticas nazistas".
Na semana passada, as autoridades alemãs proibiram os comícios que defenderiam o "sim" no referendo que outorga mais poder ao mandatário turco sob a justificativa de falta de segurança.
"Acreditava que a Alemanha havia renunciado há tempos [a essas práticas]. Nós nos enganamos. Os alemães nos dão lição de democracia e depois impedem os ministros desse país [Turquia] de expressá-la", disse Erdogan.
A previsão era que o titular da Defesa, Bekir Bozdag, falasse em Gaggenau, no sudoeste alemão, mas ele cancelou a viagem. Não foi o caso do ministro da Economia, Nihat Zeybekci, que discursou em Colônia e Leverkusen mesmo com a proibição.
O governo alemão não respondeu às acusações de Erdogan. No sábado (4), a chanceler alemã, Angela Merkel, disse que cabe aos municípios decidirem sobre a proibição, não ao governo federal.
Seus aliados, porém, condenaram a comparação com o nazismo. "Ele reage como uma criança mimada que foi contrariada. É um novo ponto alto de seu destempero", disse a vice-líder do partido de Merkel, Julia Kloeckner.
O discurso inflamado também levou à proibição de eventos pró-referendo com ministros previstos para semana que vem na Holanda.
ATRITO
As declarações de Erdogan aumentaram o atrito entre os dois países, cuja relação está abalada há quase um ano. No fim de 2016, a Justiça alemã cancelou um ato no qual o líder turco participaria através de uma videoconferência.
O governo alemão teme uma contaminação pela disputa política interna na Turquia, cujos cidadãos formam uma das maiores comunidades estrangeiras do país, com 3 milhões de pessoas.
Além do cancelamento dos protestos, a relação recebeu um novo abalo nesta semana após a Turquia prender o jornalista turco-germânico Deniz Yücel, sob a acusação de propaganda terrorista.
Neste domingo (5), Erdogan referiu-se ao repórter como "um agente alemão" e "representante do PKK", em alusão ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão, considerado terrorista.
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