DIOGO BERCITO
ROMA, ITÁLIA (FOLHAPRESS) - A campanha presidencial do conservador François Fillon sofreu mais um revés com a renúncia de seu porta-voz, Thierry Solère, anunciada nesta sexta-feira (3).
Solère, que organizou as primárias da direita francesa, era um dos membros mais influentes do time de Fillon. Bruno Le Mairie, um assessor do candidato, deixou a campanha um dia antes.
Fillon está sendo investigado por corrupção e deve ser acusado formalmente no próximo dia 15. Sua equipe está se esvaziando e membros em seu próprio partido, os Republicanos, pedem que ele abandone a candidatura.
A ex-ministra Nadine Morano disse que as chances eleitorais dele estão se esgotando e que ele pode levar a direita a uma "catástrofe".
O jornal francês "Le Monde" descreveu a situação como uma "hemorragia".
O conservador Alain Juppé, que foi derrotado por Fillon nas primárias conservadoras de novembro, afirmou que está "pronto para fazer parte da busca por uma solução" à crise -o que foi entendido como sua intenção de assumir a candidatura.
SONDAGEM
Fillon afirmou repetidamente que não irá desistir das eleições, que serão realizadas em 23 de abril e em 7 de maio.
O desgaste causado a sua imagem e a possibilidade de que seja impedido de concorrer, porém, adicionam bastante ansiedade ao pleito, já marcado por reviravoltas nos últimos meses, incluindo a própria candidatura de Fillon.
Os dois principais rivais de Fillon são a ultra-direitista Marine Le Pen, da Frente Nacional, e o centrista independente Emmanuel Macron.
Pesquisas têm sugerido que Le Pen irá vencer o primeiro turno, mas será derrotada no segundo -quer seja por Fillon, ou por Macron.
A instabilidade da candidatura de Fillon, no entanto, tem mudado o cenário. Macron apareceu nesta quinta-feira em uma sondagem liderando já no primeiro turno, com 27% dos votos. Le Pen teria 25,5%, e Fillon, 19%.
A pesquisa, publicada pela Odoxa, também apontou que cerca de 70% dos eleitores franceses acreditam ser um equívoco que Fillon mantenha sua candidatura.
ACUSAÇÃO
Fillon é acusado de remunerar sua mulher, Penelope, como assistente parlamentar sem que ela tenha exercido o cargo. Ele também teria contratado seus filhos enquanto eram estudantes. O candidato admitiu, recentemente, ter sido uma má decisão.
Não é proibido empregar familiares na França, mas é irregular que eles não tenham cumprido a função.
O candidato conservador tem desafiado as acusações e afirmado sofrer uma tentativa de "assassinato político".
Deve haver uma passeata em Paris no domingo (5) em seu apoio, apesar dos pedidos do presidente francês, François Hollande, de que o evento fosse cancelado.
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