SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A gastronomia de São Paulo perdeu nesta quinta-feira (12) um de seus mais tradicionais e discretos personagens: o sushiman Mitsuaki Shimizu, fundador e titular do Sushiguen. Aos 75 anos, ele estava internado havia semanas por conta de uma bactéria contraída em viagem ao Japão.
Japonês de Kagoshima, na ilha de Kyushu, Shimizu chegou ao Brasil adolescente, em 1959. Seu primeiro trabalho em restaurante foi no extinto Kazumi. Fundou o Sushiguen em 1974, no mesmo local onde funciona até hoje, no Paraíso, nas fraldas do bairro da Liberdade.
Ao longo desses 43 anos Shimizu foi sempre uma referência da gastronomia japonesa em São Paulo. Embora muito frequentado inclusive pelo público ocidental e da moda, sempre manteve um perfil tradicional (o que, em São Paulo, sempre foi mais sinal de qualidade do que invencionices desenfreadas).
Ele nunca aderiu aos produtos exóticos nas versões californianas ou tropicalizadas dos sushis; mantinha uma fachada que poderia parecer brega, mas tinha tudo a ver com Tóquio (porta sempre fechada, placa discreta, apenas uma vitrine com mockups -aquelas cópias de plástico- dos pratos); decoração simples e com um aquário no salão.
Em algo, porém, o veterano sushiman diferia da tradição: era acessível e comunicativo, mesmo em seu claudicante português. Com isso, além de cativar o público, formou sem alarde muitos profissionais que por ali passaram. Entre os quais seu filho, Hideto, que chegou a dirigir uma antiga filial da casa, depois esteve fora do Brasil (trabalhou no Nobu), e hoje dirige um interessante delivery de cozinha japonesa, o Sushi Beta.
O velório de Mitsuaki Shimizu está marcado para domingo (15), a partir das 7h, no cemitério São Pedro, ao lado do Crematório da Vila Alpina, onde ele será cremado às 12h30.
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