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Atentado piora clima entre Israel e palestinos antes de negociação de paz

DANIELA KRESCH RAMALLAH, CISJORDÂNIA (FOLHAPRESS) - O atentado com o caminhão em Jerusalém piora o clima entre israelenses e palestinos às vésperas da conferência de paz para o Oriente Médio, marcada para quarta-feira (11) em Paris. O encontro foi uma in

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 08.01.2017, 18:55:49 Editado em 08.01.2017, 19:00:08
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DANIELA KRESCH

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RAMALLAH, CISJORDÂNIA (FOLHAPRESS) - O atentado com o caminhão em Jerusalém piora o clima entre israelenses e palestinos às vésperas da conferência de paz para o Oriente Médio, marcada para quarta-feira (11) em Paris.

O encontro foi uma iniciativa do presidente da França, François Hollande, e deve contar com a presença de representantes de 70 países. O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, confirmou presença, embalado no apoio da comunidade internacional pela criação de um Estado palestino.

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Já o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que afirma discordar desse tipo de iniciativa multilateral por acreditar apenas em negociações bilaterais, não deve contrariar a opinião pública nacional, que costuma fortalecer posições antinegociações após atentados mortais.

Na quinta (5), um grupo de 100 ativistas israelenses de ONGs de direitos-humanos viajou a Ramallah, na Cisjordânia, para declarar apoio a Abbas, em meio ao ceticismo quanto à eficácia da reunião.

Os ativistas israelenses foram recebidos na Mukataa, o centro do governo palestino, por membros do Comitê Palestino pela Integração com a Sociedade Israelense.

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Entre a centena de membros de ONGs, estavam rostos famosos na política local, como os ex-parlamentares israelenses Ran Cohen (partido de esquerda Meretz) e Taleb a-Sana (Partido Democrático Árabe), o negociador Gershon Baskin e o mitológico ativista Uri Avineri, 93.

O brasileiro Davi Windholz, que promove a convivência entre judeus e árabes em Israel com a ONG Alternative, na Galileia, conseguiu entregar a Abbas um projeto de criação de um coral virtual de crianças e jovens de diversos países em prol do diálogo mútuo.

Em meio à excitação antes da entrada triunfal de Abbas no auditório (depois de uma revista rigorosa e do confisco temporário de celulares e câmeras dos presentes), a ativista árabe-israelense Amira Zedan, da ONG "Mulheres Promovem a Paz", não escondia a animação.

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"Precisávamos vir para demonstrar nosso apoio à conferência de 15 de março e ao presidente Abbas. Temos que mostrar que não tememos, que israelenses e palestinos precisam olhar uns para os outros nos olhos e conversar", disse Amira.

Para o ex-ministro da Indústria e Comércio israelense Ran Cohen, nascido no Iraque, encontros entre os dois povos são fundamentais: "A situação mais perigosa possível é a da falta de diálogo. O fato de Abbas estar nos recebendo aqui em Ramallah é um sinal de que ele quer esse diálogo", disse à reportagem.

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RESOLUÇÃO

Abbas fez um breve discurso de dez minutos afirmando que, apesar de estar satisfeito com a realização da conferência e com a aprovação de uma resolução contra os assentamentos israelenses pelo Conselho de Segurança da ONU, acredita que o único caminho para a paz é que os dois lados conversem.

"Não precisamos da resolução 2334 da ONU. Juntos, podemos fazer a paz. Basta que conversemos", disse Abbas, sob aplausos dos presentes. "A paz só virá pelo caminho da paz. Não acreditamos em violência, em terrorismo e em radicalismos."

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No dia 23 de dezembro, o Conselho de Segurança da ONU aprovou a resolução 2334 classificando de ilegais os assentamentos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental. O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, considerou a medida contrária ao país.

Ela só foi aprovada porque os EUA não usaram seu tradicional poder de veto, no que Netanyahu viu como uma "revanche" de última hora da administração Barack Obama contra ele. Os dois líderes passam os últimos oito anos às turras.

"A resolução da ONU não foi contra Israel, foi apenas contra as colônias, nada mais ou nada menos", afirmou Abbas. "Ela diz que as colônias são ilegais e não que Israel é ilegal".

Mas Netanyahu chamou o evento é "inútil": "A conferência de Paris é uma conferência fútil, mas há sinais de que eles vão tentar fazer com que as decisões tomadas lá se transformem em uma outra decisão no Conselho de Segurança da ONU", disse o premiê num encontro com embaixadores israelenses, na semana passada.

O ministro da Defesa de Israel, Avigdor Lieberman, chegou a comparar a conferência de Paris com o julgamento por traição do soldado judeu francês Alfred Dreyfus em 1894. Ele foi condenado injustamente por seu judeu.

"Essa não é uma conferência pela paz, mas um tribunal contra Israel que tem a intenção de prejudicar Israel e seu bom nome. Não será apenas um julgamento contra Israel, mas um julgamento de Dreyfus moderno", afirmou Lieberman.

Para o ex-parlamentar árabe-israelense Taleb a-Sana, todo esse movimento internacional realmente não dará em nada. "Não acredito que nada saia de Paris. Mas isso não quer dizer que tenhamos que desistir de tentar".

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