GABRIELA SÁ PESSOA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A temporada de 2016 do Theatro Municipal será mais enxuta e mais popular, informou a Prefeitura nesta quinta (5).
Em entrevista coletiva, o secretário de Cultura André Sturm disse estimar um orçamento 25% menor do que o de 2016 para a instituição. A Câmara aprovou verba de R$ 518,7 milhões para a pasta em 2017, 0,95% do orçamento municipal.
Ele afirmou que espera ampliar as receitas com patrocínios e o incentivo aluguéis de espaços no Municipal para a lojas, restaurantes e eventos. Dois bancos já estão interessados em se associar ao Municipal, afirmou o secretário.
Neste semestre, a principal economia será o fim de contratações de artistas internacionais para apresentações, além do barateamento dos espetáculos. Não haverá demissões, disse Cleber Papa, novo diretor artístico do teatro.
A casa irá realizar mensalmente concertos com clássicos que integram a trilha de filmes famosos, seguidas pela apresentação de um "compositor tradicional".
O primeiro da série será dedicado à filmografia de Stanley Kubrick: "Laranja Mecânica", que tocava versões da "Nona Sinfonia" de Beethoven, "Barry Lyndon" e "2001: Uma Odisseia no Espaço" -este, marcado por "Assim Falou Zaratustra", de Strauss.
Sturm afirmou que a ideia é tornar o Municipal mais popular. Além das sessões cinematográficas, o teatro promoverá "concertos informais", em que a Orquestra Sinfônica Municipal explica a diferença entre os instrumentos e o funcionamento da orquestra.
Acompanhado pelo prefeito, João Doria (PSDB), e pelos novos diretores do Municipal (Cleber Papa, artístico, e Roberto Minczuk, maestro titular), Sturm anunciou Ismael Ivo como o novo diretor artístico do Balé da Cidade.
Ivo, 51, nasceu na zona leste paulistana e é um dos coreógrafos brasileiros de maior projeção internacional. Atualmente mora em Berlim, e prevê a mudança definitiva para São Paulo no início de fevereiro. O artista também foi curador de dança na Bienal de Veneza e já integrou grupos de dança em Nova York e Viena.
O secretário acumulará a presidência da Fundação Theatro Municipal, assim como a ex-titular da pasta, Maria do Rosário Ramalho. Ela foi nomeada para a função em 2016, após o escândalo de corrupção na instituição.
ORGANIZAÇÕES SOCIAIS
A gestão do Municipal ficou marcada por um rombo de R$ 15 milhões em irregularidades em contratos, investigadas pelo Ministério Público e pela Controladoria Geral do Município. O Municipal é gerido pela organização social IBGC (Instituto Brasileiro de Gestão Cultural), contratada até julho deste ano.
Questionado, Sturm afirmou que a corrupção no Municipal era um caso pontual e anunciou a criação de um comitê na Cultura dedicado ao acompanhamento dos contratos com OSs.
O modelo de gestão também será adotado em outros equipamentos da Cultura, como o Centro Cultural São Paulo e as bibliotecas do Biblioteca Viva. O projeto, segundo o secretário, pretende transformar essas instituições em "mini-MIS" -como o Museu da Imagem e do Som, que ele dirigiu até 2016.
A pasta pretende abrir até março a concorrência para definir a nova organização que cuidará do Municipal e dos outros espaços culturais.
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