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ATUALIZADA - Maior matança em presídios desde o Carandiru deixa 55 vítimas no AM

BRUNA CHAGAS, DHIEGO MAIA, FABIANO MAISONNAVE E FERNANDA PEREIRA NEVES MANAUS, AM, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Uma briga entre facções criminosas rivais seguida de rebelião no maior presídio do Amazonas deixou 55 mortos nesta segunda-feira (2) em Manau

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 02.01.2017, 18:18:50 Editado em 02.01.2017, 18:20:08
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BRUNA CHAGAS, DHIEGO MAIA, FABIANO MAISONNAVE E FERNANDA PEREIRA NEVES

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MANAUS, AM, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Uma briga entre facções criminosas rivais seguida de rebelião no maior presídio do Amazonas deixou 55 mortos nesta segunda-feira (2) em Manaus.

O motim durou 17 horas e, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado, há decapitados entre as vítimas. Inicialmente o governo do AM falou em ao menos 60 vítimas, mas na tarde desta segunda o número foi atualizado pelos legistas. "Nós tínhamos contado 60 [mortos]. Mas contaram repetido parte de corpos. O IML definiu que foram 55", disse Pedro Florêncio, secretário de Estado de Administração Penitenciária.

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A matança é a maior em número de vítimas em presídios do país desde o massacre do Carandiru, em 1992, em São Paulo, quando uma ação policial deixou 111 presos mortos na casa de detenção. Desde então, há outras tragédias no sistema carcerário nacional, como a rebelião em 2004 na Casa de Custódia de Benfica (RJ), quando morreram 31 pessoas. Também entram na lista o motim no presídio de Urso Branco (RO), que deixou 27 mortos em 2002, e a rebelião no Complexo Penitenciário de Pedrinhas (MA) em 2010, com 18 mortos.

Em Manaus, o motim começou na tarde de domingo (1º), no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), localizado no km 8 da BR-174. Na unidade havia 1.224 homens, o triplo da capacidade (de 454 vagas), segundo dados do mês passado do governo estadual. No Compaj ainda há outras duas unidades –uma para presos do regime semi-aberto e outra para os de regime fechado feminino. O Amazonas possui 11 unidades prisionais.

Segundo diagnóstico elaborado em inspeção de outubro do ano passado pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça), o presídio foi classificado como "péssimo" para qualquer tentativa de ressocialização, com presos sem assistência jurídica, educacional, social e de saúde.

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A rebelião foi motivada por uma briga entre as facções Família do Norte e PCC, segundo Marluce da Costa Souza, coordenadora da Pastoral Carcerária do Estado. O governo do Estado também informou que os chefes das facções não fizeram exigências. O massacre é tratado como uma guerra entre os grupos criminosos, e, de acordo com as investigações iniciais, a rebelião foi comandada pela Família do Norte.

"Há uma guerra silenciosa que o Estado tem que intervir. Que guerra é essa? Narcotráfico. O que nós estamos vendo, o que vimos hoje? Uma facção brigando com a outra. Porque cada uma quer ganhar mais dinheiro que a outra, a briga é por dinheiro e por espaço", disse o secretário da Segurança Pública do Amazonas, Sérgio Fortes, na entrevista coletiva desta segunda.

O juiz titular da Vara de Execução Penal do TJ (Tribunal de Justiça) do Amazonas, Luís Carlos Valois, disse que ficou chocado com o que viu no Compaj. "Nunca vi nada igual na minha vida, aqueles corpos, o sangue... fiquem com Deus!", escreveu Valois em sua página no Facebook.

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De acordo com Valois, sua presença no local foi requisitada pela Secretaria de Segurança Pública do Estado. "Chegando lá os presos tinha tomado todo o regime fechado e o semiaberto. Tinham feito um buraco e passavam de um lado para o outro".

O juiz diz que liderou as negociações com os detentos. "[Eles pediram] apenas que nos comprometêssemos a não fazer transferências, a manter a integridade física e o direito de visitas".

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De acordo com Valois, não há como precisar o número de mortos. "Muitos estavam esquartejados. Difícil afirmar".

Pouco antes da rebelião com mortos no Compaj, 87 presos fugiram do Ipat (Instituto Penal Antônio Trindade), um presídio penal a 5 km dali –o Ipat tem 229 internos, e o governo estadual ainda está fazendo contagem de preso. No início da tarde, entre 40 e 60 já tinham sido recapturados. Também houve fuga de presos no Compaj, mas o governo não soube informar quantos. Segundo Sérgio Fontes, essa pode ter sido também a maior fuga da história do Estado.

A Seap (Secretaria de Estado da Administração Penitenciária), pasta que administra o sistema penitenciário do Amazonas, isolou toda a área onde ficam as duas unidades prisionais. Nas vias que dão acesso à rodovia BR-174, foram montadas barreiras policiais para auxiliar na busca por fugitivos, além de impedir que parentes se aproximem dos presídios.

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Dos reféns no Compaj, 74 eram detentos e outros 12 funcionários da Umanizzare, empresa de gestão privada que presta serviço no complexo. Após a rebelião, os funcionários foram liberados na manhã desta segunda (2), sem ferimentos. Ainda não foi informado quantos detentos ficaram feridos.

O Ministério da Justiça e Cidadania informou que o ministro Alexandre de Moraes manteve durante todo o tempo contato com o governador do Amazonas, José Melo de Oliveira. O governador disse ainda que utilizará os R$ 44,7 milhões de repasse que o Fundo Penitenciário do Amazonas recebeu do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen), na última quinta-feira (29), para reforma a unidade.

O governo federal tem acompanhado desde a noite de domingo (1º) a situação no maior presídio do Amazonas e deve transferir presos ligados a facções criminosas para outras unidades prisionais no país.

Ao ser questionado sobre as medidas que serão tomadas, o secretário da Segurança Pública do Estado afirmou ser necessária a construção de novos presídios e o combate ao tráfico de drogas.

"Transferência de presidiário não seria eficaz nessa situação. Não temos condições de mantê-los separados. Temos quantidade limitada de presídios. Construir mais presídios seria uma boa opção", disse. "Nós precisamos fazer o combate ao narcotráfico internacional de maneira coordenada no Brasil inteiro e precisa colocar mais investimento para isso. O problema número um da segurança publica do brasileiro é o narcotráfico", completou.

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