SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Na medida em que as tropas iraquianas e curdas se aproximam de Mossul, no terceiro dia da operação militar para retomar o último bastião no Iraque da facção terrorista Estado Islâmico (EI), milhares de pessoas fogem da região e as autoridades montam tendas para abrigar os deslocados.
Os temores de uma grave crise humanitária na região se agravam pois, segundo os Estados Unidos, existe o perigo de os extremistas do EI usarem armas químicas para tentar repelir a ofensiva liderada pelo governo iraquiano.
Autoridades iraquianas e curdas montam, a leste de Mossul, tendas em um campo para abrigar até 5.000 famílias que fugirem dos enfrentamentos entre as forças de segurança e os combatentes do EI. O gestor do campo, Prezzo Mikael, disse nesta quarta-feira (19) que as estruturas estão quase prontas e já contam com água corrente, eletricidade e comida.
A ONG humanitária Save the Children afirmou nesta quarta que cerca de 5.000 pessoas chegaram nos últimos dez dias a um campo de refugiados no norte da Síria fugindo de combates ao redor de Mossul. Outras mil pessoas aguardam para atravessar a fronteira entre o Iraque e a Síria. De acordo com a organização, a estrutura sanitária do campo é muito precária, o que pode levar à proliferação de doenças.
Segundo o general das Forças Armadas da Rússia, Valery Gerasimov, há risco de radicais escaparem de Mossul e irem para a Síria, onde o EI também mantém atividades. Ele afirmou que para evitar fugas, é importante "destruir os terroristas no local". A Rússia não participa de operações contra o EI no Iraque.
As Nações Unidas e agências humanitárias temem que a batalha por Mossul agrave a crise humanitária na região, forçando o deslocamento de centenas de milhares de pessoas -com 1,5 milhão de habitantes, Mossul é a segunda maior cidade do Iraque. Moradores de Mossul relataram estar sendo usados como escudos humanos pelos terroristas do EI durante a ofensiva.
ATAQUES QUÍMICOS
Os EUA acreditam que os radicais do EI podem usar armas químicas para retardar o avanço do Exército iraquiano sobre Mossul. Autoridades americanas disseram à agência de notícias Reuters, em condição de anonimato, que foram encontrados traços de agente mostarda em fragmentos de munição utilizada pelo Estado Islâmico nos últimos meses.
"Dado o comportamento condenável do EI e seu claro desprezo pelos padrões e normais internacionais, este incidente não surpreende", afirmou uma das autoridades.
As autoridades americanas avaliam que ainda sejam limitados os avanços dos extremistas no desenvolvimento desse tipo de armas, de modo que ainda não consigam realizar ataques químicos com efeitos letais.
Os EUA participam da batalha por Mossul dando apoio técnico aos soldados iraquianos e curdos em solo e, principalmente, realizando ataques aéreos sobre posições do EI. O general americano Gary Volesky disse nesta quarta que, além de aviões de guerra, têm sido utilizados helicópteros Apache nos bombardeios. Ele afirmou que o uso de helicópteros aumenta a vulnerabilidade dos soldados dos EUA, mas aumenta a confiança das tropas iraquianas em combate.
Além dos EUA, estão envolvidos na batalha contra extremistas em Mossul cerca de 25 mil soldados do Exército iraquiano, das forças peshmerga curdas e de grupos paramilitares. Estima-se que até 6.000 combatentes do EI estejam na cidade.
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