SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Sesi-SP, entidade mantida pela indústria e presidida por Paulo Skaf (PMDB), afirmou que abrirá nova licitação para contratar uma empresa que prestará assistência aos cães-guia. A entidade afirmou que o programa será encerrado, mas que não haverá abandono do monitoramento até a aposentadoria dos animais.
"O fim [do programa] é a adoção definitiva do cão-guia pelo deficiente visual. Mas mesmo cumprido, temos a responsabilidade por manter o cão, de acompanhar até o final da aposentadoria dele. De certa forma, o objetivo inicial era pegar uma pessoa que não tem condição e trazer uma perspectiva nova da vida", disse Alexandre Pflug, diretor de qualidade de vida da entidade.
Como o cão-guia tem vida útil de, no máximo, oito anos, Pflug afirmou que a entidade manterá essa assistência até quando o animal estiver exercendo sua função. "Os cães quando entram no trabalho eles têm oito anos para se aposentar. Durante os oito anos a gente vai dar a assistência", disse o diretor.
O programa do Seis entregou nove cães-guia a deficientes visuais da indústria paulista. Os animais foram cedidos gratuitamente depois de passarem por um adestramento e treinamento intensivo, que dura pouco mais de um ano. A entidade lembra que foi feito um perfil de cada candidato para que ele pudesse ter condição financeira de manter o cão quando o projeto se encerrasse.
Um dos contemplados foi o metalúrgico do ABC paulista Flávio Henrique de Souza, 46. Em reportagem publicada na Folha de S.Paulo nesta semana, o metalúrgico afirmou que a entidade havia encerrado o projeto e, com isso, os cegos teriam de arcar com as despesas de exames periódicos e, se necessário, de futuros treinamentos desses cães.
"Eles me deram alguns documentos sobre adoção e uso de imagem dela e assinei. Só depois eu fui descobrir que não teria mais direito a avaliação", disse Souza, que ficou cego aos 14 anos.
O monitoramento é importante para que os deficientes visuais recebam a carteirinha e a certificação e, com isso, possam entrar com seus cães-guias em estabelecimentos públicos. O Sesi afirmou que uma nova licitação será aberta na próxima semana para contratar uma empresa que será responsável por emitir essa documentação.
Até abril desde ano, a documentação era emitida pelo Iris (Instituto de Responsabilidade e Inclusão Social), que realizou uma visita anual aos deficientes visuais para avaliar a saúde, bem-estar, relação com o dono e, se necessário, fazer alguma adequação em seu treinamento. De lá para cá, afirma Pflug, não houve nenhuma intercorrência nem a necessidade de emissão de carteirinha.
O diretor afirma ainda que a renovação das prestadoras de serviço é anual e que isso ocorrerá até que todos os animais se aposentem. "O projeto está sendo concluído, mas terá uma continuidade para os oitos cães que continuam por uma questão legal, porque eles precisam da carteirinha."
A iniciativa do Sesi era uma das únicas reconhecidas no Estado de São Paulo e uma das poucas do país. Durou cerca de cinco anos e recebeu cerca de R$ 2 milhões. Em Santa Catarina, uma escola de treinamento foi aberta neste ano. Um dos maiores desafios para o treinamento dos animais no pais, segundo os especialistas, é justamente a falta de continuidade dos projetos.
A formação mais confiável e tradicional de cães-guia é realizada, no mundo todo, por meio de organizações sem fins lucrativos, principalmente nos EUA e Europa. As instituições são as responsáveis capacitação, saúde e bem-estar dos animais, que são cedidos aos usuários por tempo indeterminado.
Para trazer um cão estrangeiro para trabalhar no Brasil, as custas de manutenção são de cerca de R$ 35 mil -incluindo a viagem e a hospedagem do futuro usuário no exterior. Quando for tempo de aposentar o animal, os usuários podem optar por ficar ele.
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