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'Daremos a ele todo o tempo', diz irmão de neto da ditadura argentina

LUCIANA DYNIEWICZ BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - Havia 40 anos que o argentino Ramiro Menna, 42, não tinha informações sobre seu irmão. Na última segunda (3), recebeu a notícia de que ele está vivo. Os dois, porém, ainda não se conheceram. "É um

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 06.10.2016, 08:14:15 Editado em 06.10.2016, 16:34:16
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LUCIANA DYNIEWICZ

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BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - Havia 40 anos que o argentino Ramiro Menna, 42, não tinha informações sobre seu irmão. Na última segunda (3), recebeu a notícia de que ele está vivo. Os dois, porém, ainda não se conheceram.

"É um processo difícil. Daremos a ele todo o tempo necessário para se adaptar a sua história", disse Menna à reportagem.

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O irmão mais novo de Menna, cujo nome não foi divulgado, é o 121º neto localizado pelas Avós da Praça de Maio, entidade que busca filhos de desaparecidos na última ditadura argentina (1976-1983).

Nesse período, filhos de presos políticos que nasciam em centros de detenção costumavam ser entregues a terceiros para serem educados longe do que os militares consideravam um ambiente subversivo. A associação das avós calcula que 400 crianças foram roubadas dessa maneira.

O neto encontrado nesta semana não imaginava que poderia ser um dos bebês sequestrados por militares e se voluntariou para fazer o exame de DNA.

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Em junho, a Comissão Nacional pelo Direito à Identidade, ligada ao Ministério da Justiça, o aconselhou a fazer o teste após constatar que uma das enfermeiras que participaram de seu parto havia fraudado vários documentos.

Na última segunda, ele foi avisado de que seu DNA batia com o da família Menna. O neto encontrado mora em Buenos Aires, é médico, tem 40 anos e dois filhos. Não há informações se os pais que se apropriaram dele estão vivos. Caso estejam, o Estado deverá denunciá-los à Justiça.

Nos últimos 40 anos, houve duas ocasiões em que Menna acreditou estar perto de localizar o irmão. Os exames, porém, acabaram dando negativo. "Foram períodos de desilusão."

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O neto era procurado principalmente por sua tia Alba Lanzillotto, 88, que já participou da direção da associação das avós. No anúncio da descoberta do argentino, Lanzillotto aproveitou para dizer que esperava conhecê-lo logo.

"Damos todo o tempo que você precise para pensar, mas esperamos que [esse período] seja mais curto do que longo. Amamos você, e quero ver seu rosto. Quero ver parte de seu pai e de sua mãe em você, porque sempre há algo, um sorriso ou um olhar."

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Os pais de Menna e de seu irmão, Ana María Lanzilotto e Domingo Menna, faziam parte do ERP (Exército Revolucionário do Povo) quando desapareceram, em 1976. Ana María estava grávida de oito meses e, segundo relatos de sobreviventes, passou por dois centros de tortura.

Menna, que então tinha dois anos, foi criado por uma outra tia.

Além dos familiares, participaram do anúncio da localização do irmão de Menna a presidente da associação Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto, que encontrou o neto em 2014, e o secretário de Direitos Humanos do país, Claudio Avruj.

"Cada vez que acontecer [de um neto ser encontrado], vamos estar aqui. Estaremos não só quando acontecer, vamos procurar [pelos filhos de desaparecidos] sempre, para toda a vida", disse Avruj.

Essa foi a primeira vez que um representante do governo do presidente Mauricio Macri participou de uma entrevista sobre netos localizados.

As entidades de direitos humanos do país têm uma relação difícil com o governo macrista, pois defendem a antecessora e opositora, Cristina Kirchner (2007-2015).

As associações receberam amplo apoio financeiro e jurídico do kirchnerismo nos últimos 12 anos. Foi o ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007) quem impulsionou o julgamento dos torturadores da ditadura.

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