SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Com cerca de 200 agentes da Guarda Municipal, a prefeitura do Rio de Janeiro derrubou hoje (24) o prédio da associação de Moradores da Vila Autódromo, na Baixada de Jacarepaguá, em uma área situada entre o Parque Olímpico e a Vila dos Atletas, na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade. As informações são da Agência Brasil.
Os agentes chegaram por volta das 6h e cercaram o local. Eles isolaram os moradores e a derrubada ocorreu em menos de uma hora sem que houvesse qualquer resistência. Além do prédio, também foi ao chão um bar.
A ação atendeu a decreto de desocupação assinado em março pelo prefeito Eduardo Paes. A área vinha sendo alvo de disputa judicial envolvendo a Defensoria Publica do estado, contrária à demolição. Moradores da Vila Autódromo realizaram ato de protesto denunciando as seguidas violações de direitos cometidas, segundo eles, pela prefeitura.
Para Altair Antunes Guimarães, presidente da associação, a prefeitura tem usado uma série de estratégias para tentar nos expulsar da área, do corte de serviços básicos como água e luz ao uso da força por meio da Guarda Municipal, que ocupa permanentemente a entrada da Vila. Nós consideramos estranha essa decisão da Justiça e a impotência da Defensoria Publica em reverter a decisão, uma vez que a Vila é uma legalmente constituída.
Revolta
Para o presidente da associação, a luta vai continuar, pois a associação, apesar da derrubada de sua sede, ainda continua de pé. Essa é uma comunidade legal, documentada, mas os governantes estão aí atendendo aos interesses do poder econômico e do capitalismo. Mas eles derrubaram somente um prédio, que nós já havíamos esvaziado e a associação continuará de pé e vai funcionar na Igreja Católica da comunidade.
A defensoria tentou de todas as formas derrubar essa liminar sem conseguir. Alguma coisa de muito estranha está acontecendo. A comunidade não é ilegal, ela é considerada área especial de interesse social e tem documento concedido pelo governo do estado. São famílias que possuem títulos concedidos pelo governo e que são colocadas na rua com seus filhos em nome de 'jogos' que vão durar apenas 17 dias, protestou.
Em nota, a Defensoria Publica informou que defensores estão na Vila Autódromo tentando impedir novas demolições. A Defensoria Pública do Rio de Janeiro tenta derrubar a liminar [que permitiu a derrubada] e que concede imissão de posse de duas casas da Vila Autódromo. Desde o início da manhã, o coordenador do Núcleo de Terras e Habitação (Nuth), João Helvécio de Carvalho, está na comunidade, onde acompanhou a demolição da Associação de Moradores e Pescadores local, conforme determinou a Justiça, diz o documento.
Acrescenta que a Defensoria usou de todos os recursos possíveis para impedir a demolição do prédio da associação, uma das últimas trincheiras de resistência da Vila Autódromo contra as desapropriações para a construção do Parque Olímpico. Já sobre as liminares determinando a imissão de posse e demolição das duas casas que saíram no fim da noite de ontem, a expectativa é de reverter a decisão, conclui a nota.
A comunidade da Vila Autódromo está consolidada na Baixada de Jacarepaguá há mais de 40 anos. A área, em sua maioria, é considerada de interesse social e a maior parte dos moradores tem o título de concessão do direito real de uso.
É uma terra regularizada e há muitos anos vem sendo alvo de tentativas de remoção por interesses imobiliários. Agora, usam a questão das olimpíadas para atingir seus objetivos, uma vez que ela fica entre o Parque Olímpico e a Vila dos Atletas e a prefeitura utiliza o fato de que ela estaria na passagem de ligação entre as duas instalações para atingir seus objetivos, disse Guimarães.
Escrito por Da Redação
Publicado em 24.02.2016, 12:53:58 Editado em 27.04.2020, 19:52:44
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