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Querer muros na fronteira não é cristão, diz papa sobre Trump

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O papa Francisco sugeriu na quarta-feira (17) que Donald Trump "não é cristão" por causa de suas promessas de campanha de deportar mais imigrantes e de forçar o México a pagar para que seja construído um muro ao longo da front

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 18.02.2016, 18:44:37 Editado em 27.04.2020, 19:52:51
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O papa Francisco sugeriu na quarta-feira (17) que Donald Trump "não é cristão" por causa de suas promessas de campanha de deportar mais imigrantes e de forçar o México a pagar para que seja construído um muro ao longo da fronteira.
"Uma pessoa que apenas pensa na construção de muros, onde quer que seja, e não na construção de pontes, não é cristã", disse o pontífice quando um repórter o questionou sobre o pré-candidato presidencial republicano no voo para Roma, após sua viagem de seis dias ao México.
Como não ouviu sobre os planos de Trump de forma independente, Francisco afirmou que "lhe daria o benefício da dúvida", mas acrescentou: "Eu diria que esse homem não é cristão se fala assim", disse o pontífice.
Trump reagiu aos comentários afirmando que "um líder religioso questionar a fé de uma pessoa é vergonhoso". Presbiteriano, o magnata tem tentado atrair os eleitores evangélicos em prévias eleitorais que serão disputadas na região Sul.
"Nenhum líder, especialmente um líder religioso, deveria ter o direito de questionar a religião ou a fé de outro homem", afirmou.
Em um comício na Carolina do Sul, cujas primárias ocorrem no sábado (20), Trump falava sobre o Estado Islâmico e afirmou: "Seu principal objetivo é chegar ao Vaticano".
"Se e quando o Vaticano for atacado", disse, "o papa apenas desejaria e rezaria para que Donald Trump fosse eleito presidente". Previamente, afirmou: "Eu gosto do papa".
ZIKA
As declarações do papa foram feitas durante uma coletiva em que também avaliou se a Igreja Católica deveria abrir uma exceção a suas proibições ao aborto e aos métodos contraceptivos em regiões onde o vírus da zika vem causando uma emergência de saúde pública.
Em suas considerações, Francisco traçou um paralelo com a decisão tomada pelo papa Paulo 6º na década de 1960 de aprovar entregar contraceptivos a freiras que vinham sendo sistematicamente estupradas no Congo belga.
"O aborto não é um pecado menor, é um crime. Tirar uma vida para salvar outra, isso é o que a máfia faz. É um pecado absoluto", disse. "Por outro lado, evitar a gravidez não é um pecado absoluto. Em certos casos, como neste [da zika], como o que mencionei do abençoado Paulo 6º, isso é claro. Eu também instaria os médicos a fazer o seu melhor para encontrar vacinas contra esses mosquitos que carregam essa doença."
CIUDAD JUÁREZ
O pontífice fez seus comentários sobre Trump cerca de três horas depois de ter concluído sua visita ao México com uma missa na cidade fronteiriça de Ciudad Juárez.
Antes da cerimônia, ele caminhou para as margens do Rio Grande —sob os olhares de oficiais de segurança americanos que o observavam do outro lado da fronteira— para depositar flores em um novo memorial que relembra aqueles que morreram tentando cruzar a divisa.
Na missa, que teve comparecimento de 200 mil fiéis, o Santo Padre pediu compaixão em relação aos imigrantes que fogem do caos, da pobreza e da guerra.
A imigração ilegal é um assunto explosivo na campanha eleitoral dos EUA, e Trump tem sido um dos mais duros, com promessas como deportar todos os 11 milhões estrangeiros sem documentos, vetar a entrada de todos os muçulmanos e forçar o México a construir um muro na fronteira.
Ele também já fez declarações acusando os imigrantes mexicanos de serem criminosos e estupradores.
Dias antes da ida de Francisco à fronteira, Trump criticou a visita, chamando o papa de político e o acusando de atuar sob ordem do governo mexicano. "Acho que o papa é uma pessoa muito política", disse.
"Não acho que ele entenda o perigo da fronteira aberta que temos com o México. Acho que o México o fez fazer isso porque querem que a fronteira continue como é. Eles estão faturando, e nós estamos perdendo."
Questionado sobre os comentários, Francisco riu. "Graças a Deus ele disse que sou um político, porque Aristóteles definiu o ser humano como um 'animal político'", disse.
"Então ao menos sou um ser humano", disse o papa.

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