NATÁLIA CANCIAN
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro da Saúde, Marcelo Castro, disse nesta terça-feira (2) que o governo irá buscar uma parceria para desenvolver possíveis "remédios" contra o vírus zika.
Em uma das frentes, o ministro disse que irá contatar o Instituto Butantan para desenvolver um soro contra o zika. Segundo Castro, o processo seria semelhante ao soro já adotado para evitar a raiva.
Em outra ponta, o governo deve apoiar pesquisas para a oferta de anticorpos monoclonais contra o zika, afirma. As medidas seriam uma alternativa extra ao desenvolvimento de vacinas contra o vírus, ainda em etapa inicial de pesquisas.
"Além das vacinas, estamos tentando com o Instituto Butantan desenvolver remédios para a zika, como o soro ou uso de anticorpos monoclonais, que são muito específicos e de tecnologia moderna. Para se a pessoa pegar a zika, poder tomar o anticorpo e combater o vírus, sem deixar ele tomar conta do organismo. Não é uma vacina, que impede de pegar a doença. O anticorpo é diferente: a pessoa é acometida, e aplicamos para combater", disse, após reunião no Conselho Nacional de Saúde.
A iniciativa, porém, enfrentaria um impasse: cerca de 80% dos pacientes não apresentam sintomas. "A indicação do soro não seria para essas", disse o ministro.
Durante a reunião, Castro disse que o governo pode, inclusive, remanejar recursos de outras áreas para conter o mosquito Aedes aegypti, que transmite o zika, e acelerar as pesquisas na área.
A preocupação ocorre porque, embora a infecção pelo zika traga sintomas de baixa gravidade, o vírus tem sido relacionado à ocorrência de doenças neurológicas e ao aumento de casos de recém-nascidos com microcefalia.
"Estamos vivendo um período de recessão e restrição orçamentária. Mas a dimensão do problema é tão transcendental que não há como fazer economia. Tiraremos recursos de qualquer outra área", afirmou.
Nesta segunda-feira, a OMS (Organização Mundial de Saúde) declarou emergência mundial em saúde pública devido à suspeita de ligação do vírus zika com os recentes casos de microcefalia e doenças neurológicas, como a síndrome de Guillain-Barré.
Questionado, Castro disse que a decisão foi "correta". "Foi na mesma linha do que já tínhamos feito no Brasil. Tudo isso é feito no sentido de providências sejam tomadas para minimizar os problemas que podemos ter."
Entre as providências, está o incentivo ao desenvolvimento de uma vacina, afirma. Nesta terça, o ministro deve ligar para a secretária de saúde dos Estados Unidos para adiantar as negociações.
'PROBLEMA MUNDIAL'
O ministro classificou a infestação do mosquito Aedes aegypti como um problema de 'dimensão mundial'.
"Esse mosquito não é brincadeira. Ele tem estratégias eficientes de propagação", disse. "Se uma fêmea coloca 400 ovos, supondo que metade sejam fêmeas, vamos ter 200 fêmeas que produzem 200 fêmeas. É uma progressão geométrica."
"Todo dia temos conhecimento de depósitos novos. Já soubemos até daquelas geladeiras frost-free que tem uma bandeja que acumula água atrás. É tudo que o mosquito quer: sombra e água fresca", disse, em tom de brincadeira.
Castro lembrou ainda que o país já erradicou o mosquito Aedes aegypti no passado. "Ele é difícil, mas não é invencível", afirmou.
Após gerar insatisfação no Planalto ao dizer que o Brasil perdia a batalha contra o mosquito, o ministro, porém, mudou o tom da declaração. Segundo ele, os danos relacionados ao zika fazem que o país tenha que "ganhar" a batalha.
"Não podemos perder porque o dano será muito grave se perdermos essa batalha mais uma vez", disse.
Escrito por Da Redação
Publicado em 02.02.2016, 15:05:33 Editado em 27.04.2020, 19:53:15
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