GUSTAVO URIBE E MARINA DIAS
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, afirmou nesta segunda-feira (1) que há uma "preocupação generalizada" com o surto de microcefalia e reconheceu que, devido ao ineditismo da situação, tanto o governo federal como a sociedade brasileira ainda estão em uma fase de "absoluta perplexidade".
Nesta segunda-feira (1), a OMS (Organização Mundial de Saúde) declarou emergência mundial de saúde pública por causa da microcefalia, cuja ligação com o vírus da zika é suspeita pelo governo brasileiro.
"Por enquanto, nós ainda estamos na fase da mais absoluta perplexidade, porque é a primeira vez que há a associação do zika vírus com a microcefalia e o volume que tem ocorrido no Brasil", disse.
Em entrevista à imprensa, após reunião com a presidente Dilma Rousseff, o ministro admitiu que o anúncio do órgão mundial pode afetar no curto prazo a vinda de turistas estrangeiros ao país.
Para ele, no entanto, a situação deve ser revertida no longo prazo com as campanhas de esclarecimento das autoridades brasileiras e não deve prejudicar a presença de estrangeiros no Rio de Janeiro nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016.
O ministro negou ainda qualquer possibilidade do aumento dos casos suspeitos de vírus da zika provocarem o cancelamento dos jogos esportivos.
"Deve haver um recolhimento (de turistas) em relação aos países com casos de zika vírus", afirmou. "Não acho, no entanto, que as pessoas desistam de vir para cá em longo prazo. Eu acredito que as pessoas não terão temor de vir aqui, a não ser mulheres que estejam grávidas", acrescentou.
A avaliação do Palácio do Planalto é que as ações deem resultado antes do início das Olimpíadas do Rio de Janeiro, marcadas para agosto, e por isso o governo tenta evitar alarmar ainda mais a população - e os turistas - divulgando medidas específicas para os jogos.
VACINA
O ministro lembrou que os governos do Brasil e dos Estados Unidos trabalham em parceria pela produção de uma vacina contra o vírus da doença, mas ressaltou que ela deve ficar pronta no mínimo daqui a três anos. "Só vamos ter uma queda na contaminação se diminuirmos a infestação do mosquito", disse.
Em guerra contra o surto de microcefalia, a presidente convocou nesta segunda-feira uma reunião ministerial para mobilizar todas as pastas do governo federal a participarem da campanha contra o mosquito Aedes aegypti.
Durante a reunião, os ministros Marcelo Castro (Saúde) e Jaques Wagner (Casa Civil), que coordena o comitê do governo no combate ao mosquito, foram dois dos que mais falaram diante de Dilma. O ministro Aloizio Mercadante (Educação) fez questão de expor o plano de combate que tem implementado nas escolas.
Na tarde desta segunda-feira, a presidente gravou no Palácio da Alvorada um pronunciamento público, que será transmitido em cadeia de televisão e rádio, para convocar a população a contribuir com a campanha federal.
No encontro, ficou definido que todos os ministérios e autarquias participarão das iniciativas do governo federal e destacarão pelo menos cinco funcionários de cada órgão público para localizarem focos do mosquito e utilizarem inseticida.
A ideia é que funcionários dos Correios, da Caixa, da Eletrobrás e do Banco do Brasil, por exemplo, ajudem a distribuir panfletos e cartazes explicativos de como combater o mosquito.
"A única forma de lutar contra os mosquito é contaminar a consciência de todos de que essa não é uma tarefa que passa apenas pelo serviço público", disse.
Escrito por Da Redação
Publicado em 01.02.2016, 20:35:58 Editado em 27.04.2020, 19:53:16
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