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'Não somos nhoques', dizem servidores argentinos em protesto

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Milhares de pessoas protestaram nesta sexta-feira em diferentes pontos do centro de Buenos Aires contra as demissões maciças que vem ocorrendo no quadro de funcionários do Estado desde a chegada de Mauricio Macri à presidência

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 30.01.2016, 08:36:57 Editado em 27.04.2020, 19:53:19
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Milhares de pessoas protestaram nesta sexta-feira em diferentes pontos do centro de Buenos Aires contra as demissões maciças que vem ocorrendo no quadro de funcionários do Estado desde a chegada de Mauricio Macri à presidência da Argentina.
"Ñoquis" (nhoque), como são chamados, é um forma depreciativa de se referir a eles, pois é assim que são conhecidos na Argentina os funcionários estatais "fantasma", que só aparecem no trabalho no dia do pagamento, o 29, a mesma data em que tradicionalmente se come esse prato no país sul-americano.
"Os únicos 'ñoquis' (nhoques) que existem são os que se comem", repetiam os manifestantes nas cercanias do Obelisco de Buenos Aires, como protesto contra as demissões em várias áreas do governo no último mês.
Após a mudança política na administração nacional, o governo argentino anunciou uma revisão dos contratos dos empregados admitidos nos últimos três anos, durante a administração de Cristina Kirchner, e, nos casos de algumas dependências, decidiu não renovar os contratos que finalizavam no dia 31 de dezembro.
Canções, cartazes, camisetas e até panelas gigantes com nhoque foram algumas das ferramentas com as quais os movimentos sociais e os afetados pelas demissões se manifestaram em pontos famosos da capital argentina, como o Obelisco e a Praça de Maio.
Para se defender das acusações dos funcionários, que consideram que os trabalhadores não realizam suas tarefas, os manifestantes também levaram fotografias do ministro da Fazenda, Alfonso Prat-Gay, e do próprio Macri, dormindo na Câmara dos Deputados.
"Eu sou funcionária pública, vinculada ao Ministério de Cultura. Hoje despediram quase 500 pessoas. Eu não fui parte dessa onda, mas não concordo com o que está acontecendo no âmbito privado e público", disse à Agência Efe Julieta Gros, uma das pessoas que se manifestavam no Obelisco.
Para ela, a crença de que "o Estado está cheio de 'ñoquis'" é um "mito".
"Pode haver melhorias e capacitações", mas, "de nenhuma maneira", seus companheiros podem ser tachados de "ñoquis", pois ela considera que isso é uma campanha "patética e retrógrada".
Com ironia, os manifestantes também utilizaram um "nhoque gigante", que depois foi levado ao Centro Cultural Kirchner (CCK), que foi inaugurado no ano passado pelo governo de Cristina Kirchner.
Nessa instituição especificamente, 80% dos funcionários não terão seus vínculos renovados por decisão governamental.
Diante do CCK, os demitidos, que ainda conservam suas credenciais de acesso ao edifício e seus uniformes, explicaram que estavam ali "para trabalhar".
"Estamos pedindo a reincorporação de todos os trabalhadores e aproveitamos hoje, dia 29, já que somos chamados de 'ñoquis', para fazer uma 'nhocada' em massa, mas do mesmo jeito que fazíamos (no CCK), que é trabalhando com cultura", explicou Ezequiel Wolf à Efe.
"A ideia é levar o CCK às ruas. Já que fomos mandados para o olho da rua, nós montamos o CCK na rua com um festival com a qualidade que estávamos acostumados, com diversos artistas e com o povo que nos acompanha", acrescentou Wolf.
Nas últimas semanas, o Ministério da Justiça da Argentina também cancelou o contrato de 486 funcionários públicos que pertenciam a distintas áreas do mesmo e que passaram a fazer parte do quadro de funcionários no ano passado.
A vice-presidente da Argentina, Gabriela Michetti, também decidiu recentemente não renovar os contratos de cerca de 2 mil funcionários do Senado que venciam no fim de 2015, assinados durante a gestão de seu antecessor, o kirchnerista Amado Boudou.
As últimas demissões tornadas públicas nesta semana foram as de cerca de 50 empregados da Casa Rosada, a sede do Executivo, que tinham contratos com a Secretaria-Geral da presidência.
Essas demissões se somam a outras de aproximadamente 50 funcionários do Banco Central e de 140 da Fabricaciones Militares (empresa estatal de produção de armamento), ocorridas nas últimas horas.
No entanto, as demissões também alcançam outras administrações, provinciais e municipais, que também começaram suas gestões este ano com a decisão de fazer cortes em seus quadros de funcionários

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