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No RS, moradores acampam perto de casa para escapar da enchente

EVERALDO JACQUES URUGUAIANA, RS (FOLHAPRESS) - Construída com madeira, a casa do carpinteiro Moacir Lima, 75, não resistiu à cheia do rio Uruguai, em Uruguaiana, na fronteira oeste do Rio Grande do Sul. Ele teve de sair às pressas de casa e não teve temp

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 28.12.2015, 15:21:46 Editado em 27.04.2020, 19:54:00
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EVERALDO JACQUES
URUGUAIANA, RS (FOLHAPRESS) - Construída com madeira, a casa do carpinteiro Moacir Lima, 75, não resistiu à cheia do rio Uruguai, em Uruguaiana, na fronteira oeste do Rio Grande do Sul. Ele teve de sair às pressas de casa e não teve tempo nem de apagar as luzes. O carro dele, que estava na garagem, ficou debaixo d´água.
Moacir passou o Natal fora de casa, em uma barraca improvisada, a menos de 30 metros de seu endereço, por medo de que os "ratos de enchente" levem o pouco que sobrou de seus pertences.
Apesar do prejuízo acumulado com as últimas enchentes, 'seu Bexiga', como é conhecido no bairro, não quer sair da beira do rio. Nascido e criado no lugar, ele diz que não se adaptaria longe dali. "Perdi tudo o que tinha, mas quero recuperar, ainda dá tempo", diz ele, resignado.
Mesmo sem registro de chuva a mais de dois dias, a situação ainda é grave em municípios gaúchos afetados pela cheia dos rios. Segundo a Defesa Civil, as cidades mais críticas são Alegrete, Itaqui, São Borja, Barra do Quaraí, Jaguari, Rosário do Sul, São Gabriel e Uruguaiana.
Em Uruguaiana, que tem cerca de 130 mil habitantes, mais de 5.900 pessoas foram afetadas pela cheia do rio Uruguai, que nesta segunda-feira (28) está 10,82 metros acima de seu nível normal.
Segundo o coordenador municipal da Defesa Civil, Paulo Woutheres, o município decretou estado de emergência devido à gravidade do problema. Ao todo, há 197 pessoas desabrigadas e 2.872 desalojadas, que estão sendo atendidas pela prefeitura em três abrigos ou por equipes volantes.
Um dos bairros mais atingidos é o Mascarenhas de Moraes, onde mais de 60 famílias estão desalojadas. Com receio de saques, a maior parte delas monta barracas nas proximidades de suas moradias. À medida que o rio sobe, elas vão se distanciando de seus pertences.
O mecânico Luiz Antônio Tito Monteiro, 55, já trocou a barraca de lugar três vezes nessa enchente. Este não é o primeiro ano que a casa de alvenaria dele é atingida pela cheia. "Estou cansado disso. Agora quero ir para onde quiserem me dar uma casa", disse. "É muito ruim essas ida e vindas", acrescenta, ao lembrar que perdeu, além de móveis, documentos e fotos de família.
A dona de casa Caren Susana dos Santos também sofreu na pele com a enchente deste final de ano. Ela e sua família comemoraram o Natal em uma barraquinha improvisada ao lado da casa. Assim como o mecânico Luiz Antônio, a família dela já pensa em abandonar a casa. Mesmo assim, no período de enchente, ela fica vigilante para que a residência não sofra nenhum furto. "Se descuidar, eles levam telhas, madeiras, forro e outros materiais", diz.
Em todo o Rio Grande do Sul, há 2.214 famílias afetadas, 1.810 desalojadas e 154 desabrigadas. Já o número de municípios atingidos permanece em 40.
Além das águas que descem das cabeceiras do rio Uruguai em direção ao rio da Prata, as chuvas dos últimos meses também tornaram a situação ainda mais alarmante para os moradores das áreas atingidas. "Nunca choveu tanto e continuamente como agora", declara Woutheres. Uruguaiana ficou o ano inteiro em estado de alerta por conta das cheias.
As enchentes na Argentina e no Uruguai também influenciaram no represamento do rio Uruguai. "Formou-se um enorme lago entre os três países", explica o coordenador regional da Defesa Civil, major Rinaldo Castro, ao afirmar que a represa de Salto Grande (Uruguai), a cerca de 300 quilômetros de Uruguaiana, só abriu suas comportas na semana passada, agravando ainda mais o problema no lado brasileiro.
Durante a visita da presidente Dilma Rousseff a Uruguaiana no final de semana, o prefeito Luiz Augusto Schneider (PSDB) entregou um projeto de construção de 966 residências em uma área fora da zona de risco. A intenção é abrigar a maior parte das famílias que são atingidas pelo rio.
Neste domingo (27), o rio Uruguai parou de subir na região. Em São Borja, o nível começou a baixar e está com 11,48 metros. Em Itaqui, o rio está estacionado em 11,72 metros.
Mesmo assim, os desabrigados ainda devem demorar de 20 a 30 dias para voltar para casa. Segundo a Defesa Civil, após o rio voltar ao leito normal a limpeza das residências e a recuperação do que foi destruído pela enchente deverá tomar tempo.
Em alguns locais, o número de pessoas afetadas pelas chuvas diminui lentamente. Em Quaraí, por exemplo, 450 famílias já puderam voltar para casa.

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