LEONARDO NEIVA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Uma intervenção cultural organizada por estudantes de arquitetura de todo o Brasil neste domingo (19) levou móveis e brinquedos para a praça Júlio de Mesquita, na República, centro de São Paulo.
O local ganhou cadeiras, mesas, balanços de pneu, traves de futebol e uma amarelinha feita de giz, tudo bastante colorido e disputado pelas crianças, que também receberam bolas e livros. Durante a tarde, os visitantes puderam participar de um piquenique e de palestras com representantes de movimentos sociais.
O evento faz parte do Senemau (Seminário Nacional de Escritórios Modelo de Arquitetura e Urbanismo), encontro que acontece a cada ano em uma cidade diferente do país, no qual estudantes trocam experiências e debatem os rumos da arquitetura.
No evento, os alunos aproveitam para desenvolver projetos envolvendo comunidades carentes. Em São Paulo, a proposta foi ocupar um lugar que tivesse poucas condições de uso para os moradores.
No sábado (18), os alunos passaram pelo local e conversaram com moradores da região sobre suas necessidades e as expectativas para a praça. "Viemos para entender a dinâmica de quem vive aqui", afirma a estudante de arquitetura Bianca Jo, 22, uma das organizadoras do evento. Devido ao grande número de crianças que moram na região, eles decidiram criar um espaço voltado para elas.
Segundo a estudante Jéssica Spadoni, 25, tudo foi feito com a ajuda de moradores de rua e crianças. "Senti uma reação muito positiva de todos os moradores", disse a jovem, que veio de Cuiabá para ajudar no projeto.
Os organizadores do evento fizeram um pedido de fechamento das ruas do entorno à CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e conseguiram instalar banheiros químicos na praça com a ajuda da prefeitura.
Diomar Gomes, 38, aprovou a mudança. "Passo sempre por aqui à noite com as crianças, mas geralmente não tem nada para fazer", conta a dona de casa, que neste domingo foi à praça com seu filho de 1 ano e seis sobrinhos, além de amigos e familiares.
"A praça estava precisando muito disso", diz a aposentada Daluz Godóis, 68. "As crianças vinham aqui e não tinham nem um banco para sentar, não tinham nada".
Nem todos, porém, gostaram da intervenção. A Vovó Angolinha, 76, como prefere ser chamada, foi até a praça porque estava incomodada com o barulho que as crianças faziam. "Criança é luz, mas criança brincando acaba com tudo", afirmou, temendo que elas pudessem destruir as árvores da praça.
A PRAÇA
Não há bancos na praça Júlio de Mesquita. Seu chafariz, tombado pelo patrimônio histórico, está fechado por placas de vidro desde 2013, ano em que foi restaurado. Antes disso, a Fonte Monumental já havia passado por diversas reformas, mas continuou sendo alvo de vandalismo. Em 2014, as placas foram destruídas e precisaram ser reinstaladas.
Segundo o estudante Antônio Junqueira, 21, alguns moradores também disseram preferir que a fonte, que permanece sem água, continue fechada para evitar depredações. Outros temem que a instalação de bancos atraia moradores de rua para o local.
"Qual a razão de ter uma fonte que não funciona no meio da praça?", questiona Junqueira. "Seria melhor então colocá-la em um museu porque aqui ela não cumpre seu papel funcional de fonte", afirmou.
As cadeiras e brinquedos montados pelos jovens continuarão na praça durante os próximos dias.
Escrito por Da Redação
Publicado em 19.07.2015, 22:38:30 Editado em 27.04.2020, 19:58:03
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