Após fala polêmica, rei zulu diz que não é responsável por onda xenófoba

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O rei zulu, Goodwill Zwelithini, negou nesta segunda (20) ter qualquer responsabilidade pela onda de ataques xenófobos das últimas semanas na África do Sul, que deixou ao menos sete mortos e forçou milhares de imigrantes a abandonar suas casas.
"A violência dirigida contra nossos irmãos e irmãs é vergonhosa", declarou Zwelithini durante um encontro tribal em Durban.
"Estou seguro de que as pessoas que ouviram meu discurso entendem bem o zulu e não precisam de intérprete", enfatizou.
Há um mês, Zwelithini, a autoridade máxima da província de Kwazulu-Natal, onde se localiza Durban, pediu aos estrangeiros que "fizessem suas malas e abandonassem a África do Sul".
A mensagem foi interpretada como uma ordem para expulsar estrangeiros que, teoricamente, estariam roubando trabalho dos sul-africanos. O desemprego na África do Sul atinge 25% da força de trabalho.
Nas últimas três semanas, os ataques contra os imigrantes, que tiveram início em Durban, província natal do presidente Jacob Zuma, deixaram ao menos sete mortos.
"Esses ataques vão contra tudo o que acreditamos. A maioria dos sul-africanos ama a paz e as boas relações com seus irmãos e irmãs do continente", disse Zuma na semana passada.
A polícia sul-africana enviou reforços no sábado (18) à área urbana de Johannesburgo após mais uma noite de violência xenófoba perpetrada por pequenos grupos.
Imigrantes, principalmente do próprio continente africano, que trabalham na África do Sul estão em alerta máximo. Estima-se que haja ao menos dois milhões de estrangeiros trabalhando no país.
A comunidade internacional pressiona para que o governo evite uma situação similar a de 2008, quando mais de 60 pessoas morreram após distúrbios semelhantes.