SÃO PAULO, SP - Um dia após a renúncia do presidente iemenita Abdo Rabu Mansur Hadi, rejeitada pelo Parlamento, e do primeiro-ministro Khaled Bahah, milicianos do grupo xiita Houthi cercaram a sede da Câmara dos Deputados em Sanaa, capital do Iêmen.
Apesar disso, a situação na capital aparenta ser tranquila, contrastando com a onda de violência que já deixou ao menos 35 mortos e 94 feridos.
A crise política no Iêmen se agravou nesta semana por conta de ataques dos houthis a centros de poder em Sanaa, levando à renúncia do presidente e do primeiro-ministro na quinta-feira (22). Ambos alegaram a impossibilidade de conduzir a situação, que Hadi avaliou como "impasse total".
O Parlamento iemenita convocou uma sessão especial para discutir a crise política no próximo domingo (25). Nela, os parlamentares decidirão se aceitam ou não a renúncia de Hadi.
Caso a renúncia seja aceita, a Constituição do país aponta que o líder do Parlamento, Yahia Al-Raie, assuma o controle do país até a organização de novas eleições. Al-Raie é membro do Congresso Geral Popular, o mesmo partido do presidente Ali Abdullah Saleh, que renunciou em 2011, em meio à Primavera Árabe.
Os houthis ainda não anunciaram uma posição oficial diante da atual situação. Uma autoridade iemenita afirmou que os radicais propuseram a formação de um concelho presidencial interino, ideia que foi rejeitada por uma coalizão de partidos.
PROTESTOS
Os houthis convocaram seus apoiadores a protestarem nesta sexta-feira (23).
Manifestações de apoio ao governo também foram convocadas. Um pequeno grupo de ativistas cantava "nós somos a revolução" na praça mesma praça que foi o centro dos protestos no país durante a Primavera Árabe.
"Nós viemos aqui para repudiar os eventos que estão acontecento. Nós fomos às ruas para construir um Estado e a nossa demanda ainda é ter um Estado", disse a ativista Farida Al-Yareemi.
CRISE POLÍTICA
O grupo Houthi, também conhecido como Ansar Allah ("Seguidores de Allah", em português), é originário do norte do Iêmen e há meses tenta estender sua influência no país. Os houthis tomaram controle de uma grande parte de Sanaa em 21 de setembro, gerando instabilidade política. Os houthis recusam um novo projeto de Constituição que, dividindo o país em seis zonas, lhes privaria de acesso ao mar.
Na quarta, os rebeldes xiitas e Hadi realizaram uma negociação na casa do presidente para cessar as hostilidades. No pacto, quebrado na quinta, os houthis concordaram em desocupar o palácio presidencial bem como deixar de atacar a casa do presidente em troca de emendas na Constituição e maior representatividade no Parlamento e em instituições estatais.
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