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Soldados não 'vestem a camisa' de UPPs, diz pesquisa

Soldados e cabos das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) ainda não "vestiram a camisa" do projeto que visa a pacificar as favelas conflagradas do Rio de Janeiro, com a retomada dos territórios dominados pelo crime organizado. Essa foi uma das conclusõ

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 11.05.2011, 19:21:02 Editado em 27.04.2020, 20:47:32
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Soldados e cabos das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) ainda não "vestiram a camisa" do projeto que visa a pacificar as favelas conflagradas do Rio de Janeiro, com a retomada dos territórios dominados pelo crime organizado. Essa foi uma das conclusões da primeira pesquisa com as tropas das UPPs, realizada pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC) da Universidade Cândido Mendes. Apenas 40% dos 349 policiais entrevistados em nove UPPs estão satisfeitos com o trabalho e muitos duvidam da continuidade do projeto. Setenta por cento dos pesquisados disseram que preferiam trabalhar nos batalhões que patrulham as ruas da cidade. No entanto, pesquisadores e integrantes da cúpula da Secretaria de Estado de Segurança consideraram a taxa de satisfação positiva, pois nos batalhões a insatisfação atinge 90% da tropa, conforme pesquisas anteriores.


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"Nos grupos focais, os pesquisadores perceberam que os policiais duvidavam da continuidade do projeto. No entanto, quanto mais o tempo passa, eles e a população acreditam mais que o processo de instalação das UPPs é irreversível", afirmou a antropóloga Bárbara Soares, uma das pesquisadoras. Ela revelou que as principais reclamações de cabos e soldados sobre as condições de trabalho são os baixos salários e a falta de estrutura, como a ausência de dormitórios e sanitários adequados. "O trabalho nas favelas é difícil. As instalações são precárias e ainda estão sendo construídas. Imagina ficar no alto do Morro da Formiga (uma das áreas com UPP, na zona norte) sem acesso a refeitórios ou banheiros. Logo, é compreensível essa insatisfação", avaliou Bárbara.


O perfil dos policiais das UPPs também difere do daqueles que patrulham as ruas. Além de nunca ter participado de confrontos armados com facções criminosas de traficantes, o policial da UPP tem mais estudo do que a média dos seus colegas de batalhões. "Mais da metade dos pesquisados possuem o ensino médio completo, 27% o superior incompleto, e 16% deles estudavam no momento da pesquisa. São pessoas que estão investindo no futuro com o estudo", disse a antropóloga. Apesar disso, 74% dos entrevistados avaliam que a recepção dos moradores de favela às tropas é negativa nos primeiros meses de ocupação. Nas favelas onde a UPP é mais antiga, como no Morro Dona Marta, em Botafogo (zona sul), 56% dos policiais acreditam que os habitantes aprovam a UPP.


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Os pesquisadores do CESeC da Cândido Mendes acompanharão os policiais das UPPs por mais dois anos. "Os policiais são peças centrais e responsáveis por manter as UPPs, portanto é importante ouvi-los", opinou Bárbara. A antropóloga garantiu que a recepção à pesquisa foi boa na Secretaria de Segurança. "Apresentamos o estudo ao comandante das UPPs (coronel Robson Rodrigues) e ao secretário de Segurança Pública (José Mariano Beltrame). Eles não ficaram surpresos, mesmo com a informação de que os policiais não estão vestindo a camisa ou não estavam se sentindo beneficiários do projeto. Eles provavelmente já tinham pistas disto, e acho que o investimento deles será nesta linha", revelou.

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