O governo japonês alertou para o risco de ocorrer um grande blecaute nesta quinta-feira na região da capital, Tóquio, como consequência dos problemas de abastecimento de energia causados pelo terremoto seguido de tsunami que atingiu o país em 11 de março.
O ministro japonês da Indústria, Banri Kaieda, pediu que as operadoras de trem da área de Tóquio suspendam o serviço na parte da tarde e que as empresas reduzam o consumo.
Tóquio, como outras regiões do Japão, já vinha sofrendo com falta de energia, já que o governo determinou blecautes organizados para economizar energia. Porém, a situação se complicou ainda mais com o aumento do consumo de eletricidade por causa da forte queda das temperaturas desde a noite de quarta-feira.
Nesta quinta-feira, a quatro dias do início da primavera, a previsão é que a temperatura em Tóquio fique próxima a 0ºC à noite.
A área metropolitana de Tóquio é habitada por mais de 30 milhões de pessoas, que utilizam os trens para chegar a seus locais de trabalho. Desde a crise gerada pelo terremoto, muitas pessoas optaram por trabalhar de casa.
A ministra de Reforma Administrativa, Murata Renho, solicitou à população maior esforço na economia de luz, já que a demanda por energia pode superar o que a Tepco pode fornecer no caso de os atuais níveis se manterem. Cerca de dez milhões de lares serão afetados hoje pelos planos de cortes de energia da Tepco, segundo a agência local "Kyodo".
Usina nuclear
O Japão intensificou os esforços para resfriar os reatores da usina nuclear Fukushima Daiichi, que apresenta graves falhas desde o terremoto. No entanto, o alto nível de radiação no local dificulta o trabalho dos militares e policiais que comandam as operações.
Nesta quinta-feira, oito canhões d'água passaram a ser usados na tentativa de reduzir a temperatura do reator 3. Porém, os militares que operavam os canhões foram obrigados a recuar por causa dos altos índices de radiação. A agência Kyodo afirmou que a operação foi retomada posteriormente, mas não deu outras informações.
Autoridades japonesas também começaram a usar helicópteros militares CH-47 Chinook para jogar toneladas de água nos reatores três e quatro da usina de Fukushima. A operação começou às 9h48 (21h48 de quarta-feira em Brasília), segundo as autoridades locais.
As aeronaves descarregaram quatro cargas de água antes de deixar o local para tentar reduzir ao máximo a exposição das tripulações à radiação. Porém, imagens de televisão mostravam que o vento parecia impedir que grande parte da água chegasse ao local desejado. A Tepco, operadora da central nuclear de Fukushima, afirmou que a ação dos helicópteros não reduziu sensivelmente os índices de radiação.
Cada equipe a bordo dos helicópteros faz voos de no máximo 40 minutos, na tentativa de reduzir sua exposição à radiação. Na quarta-feira, o alto nível de radioatividade impediu que a mesma operação fosse realizada.
A Tepco informou na manhã de quinta-feira (noite desta quarta-feira em Brasília) que "concentra seus esforços" em restaurar o fornecimento de energia para reativar as bombas d'água do sistemas de resfriamento dos reatores da usina.
"Não podemos dizer quando, mas queremos restaurar a fonte de energia o mais rápido possível", declarou à AFP o porta-voz da Tepco, Naohiro Omura. O porta-voz revelou que a companhia espera iniciar os trabalhos de reparo na quinta-feira.
A crise nuclear no Japão teve origem no corte de energia após o terremoto seguido de tsunami de sexta-feira, que também paralisou os geradores de emergência da usina de Fukushima 1, derrubando o sistema de refrigeração dos reatores atômicos.
A queda no sistema de resfriamento provocou a evaporação da água e o risco de exposição do material radioativo nos reatores, onde já ocorreram quatro explosões de hidrogênio e dois incêndios, em meio a crescentes níveis de radiação.
A Tepco está reparando as linhas de energia da Tohoku Electric Power Co., que abastecem a região, para ligá-las ao sistema de transmissão elétrica em Fukushima. "Com o trabalho completo, teremos a capacidade de ativar várias bombas elétricas e jogar água nos reatores e nas piscinas de combustível nuclear usado", destacou o porta-voz.
Com EFE e BBC
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