O ministro das Relações Exteriores de Israel, Avigdor Lieberman, formulou uma iniciativa para o estabelecimento de um Estado palestino com fronteiras provisórias, sem a necessidade de esvaziamento das colônias judaicas, informa neste domingo (23) o jornal israelense Haaretz.
Com base em fontes do ministério citadas pela publicação, Lieberman pretende assim "paralisar a situação existente nos territórios [palestinos], realizando mudanças menores".
A iniciativa pretende adiantar-se a um eventual reconhecimento internacional do Estado palestino pelas fronteiras de 1967 e reduzir a pressão sobre Israel, transferindo o controle das áreas palestinas que de fato já controlavam sem retirar as colônias judaicas do território ocupado.
- Depois que o Estado palestino for estabelecido com fronteiras provisórias, será possível retomar as negociações diplomáticas e talvez alcançar acordos sobre a transferência adicional de território.
Lieberman já mostrou a iniciativa ao primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, embora ainda não tenha apresentado os mapas nos quais está projetado o Estado palestino com fronteiras provisórias.
O traçado também inclui uma rede de estradas e caminhos que conectaria as áreas sob controle palestino. Conforme as fontes diplomáticas israelenses, o mapa "fornece uma contiguidade territorial que permitirá que um Estado palestino com fronteiras provisórias seja viável".
Pelo projeto de Lieberman, que corresponde à segunda fase do Mapa de Caminho - o plano de paz da comunidade internacional aprovado por israelenses e palestinos em 2003 -, não inclui a retirada de colônias nem a transferência de território adicional à Autoridade Nacional Palestina (ANP).
O Estado provisório compreende principalmente as zonas A e B da Cisjordânia, as já definidas pelos Acordos de Oslo. As primeiras estão sob controle pleno da ANP, enquanto as segundas só da população civil, embora não da segurança.
Estas áreas representam 42% do território ocupado da Cisjordânia, às quais a iniciativa de Lieberman poderia somar algo mais, até alcançar 45% e 50%.
A formulação do relatório está prevista para ser finalizada nas próximas semanas, após as quais Lieberman estuda enviá-lo ao Departamento de Estado e ao Congresso dos Estados Unidos.
O presidente da ANP, Mahmoud Abbas, insistiu em repetidas ocasiões que não aceitará um Estado palestino com fronteiras provisórias.
Desde setembro, o processo de paz no Oriente Médio está estagnado, principalmente pela recusa israelense de frear a construção nos assentamentos judaicos. Diante da detenção brusca na negociação, os palestinos buscam, há meses, o reconhecimento internacional para um Estado com as fronteiras prévias à guerra de 1967.
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