O Conselho Constitucional da Tunísia afastou definitivamente da Presidência do país neste sábado (15) Zine El Abidine Ben Ali e nomeou o líder do Parlamento, Foued Mebazaa, presidente interino, anunciou a agência oficial TAP.
Ben Ali, no poder havia 23 anos, abandonou a Tunísia nesta sexta-feira (14), após protestos sem precedentes contra seu regime, refugiando-se na Arábia Saudita.
Reeleito em meio a acusações de fraude para um quinto mandato em outubro de 2009, com cerca de 90% dos votos, Ben Ali enfrentava uma crescente oposição, que degenerou em protestos nas ruas desde dezembro do ano passado.
Ben Ali tentou, primeiro, reprimir os protestos com violência e, depois, com promessas econômicas e até políticas, optando finalmente por deixar o país.
A capital do país, Túnis, amanheceu neste sábado sob estado de exceção em meio a um forte esquema de segurança, mas o país tenta retomar a normalidade após quase um mês de protestos seguidos. De acordo com o Departamento de Aviação Civil, todos os aeroportos tunisianos já foram reabertos.
Na última quinta-feira (13), a fim de acalmar os manifestantes, Ben Ali anunciou que não iria se candidatar à reeleição em 2014, mas a medida não foi suficiente para interromper os protestos.
Nesta sexta-feira (14), o ex-presidente também dissolveu o governo do primeiro-ministro, Mohammed Ghannouchi, e convocou eleições. Minutos depois, Ben Ali decretou estado de emergência, equivalente ao estado de sítio no Brasil. Na mesma tarde, o líder não resistiu e deixou o país.
Presidente foi reeleito sob suspeita de fraudes
Apoiado pelos governos ocidentais no passado, Ben Ali permanecia no poder por meio de eleições consideradas fraudulentas.
Nesta sexta-feira, pelo menos 5.000 pessoas se reuniram em frente ao Ministério do Interior, gritando frases como "Fora, Ben Ali!", e "Ben Ali, obrigado, mas já basta".
Na tarde da última quinta-feira, Ben Ali, de 74 anos, fez um emotivo discurso pela TV. Ele anunciou a redução no preço do açúcar, do leite e do pão, a proibição do uso de armas de fogo contra manifestantes e o fim da censura aos meios de comunicação e à internet. Essas medidas, no entanto, não foram suficientes para aplacar o descontentamento da população.
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