A presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Solange Vieira, afirmou na tarde desta quarta-feira (22), no Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo, que os passageiros que viajarão nos próximos dias deverão se informar sobre uma possível paralisação dos aeroviários e aeronautas, a partir da madrugada desta quinta-feira (23), antes de sair de casa. “Os passageiros devem se informar se há um movimento de greve significativo e se os voos estão sendo impedidos”, declarou.
Perguntada se a Anac possui um plano para evitar um caos aéreo causado por uma possível greve de funcionários, Solange Vieira respondeu que as empresas estão sendo contatadas e disseram que estão empenhadas em tentar um acordo com os sindicatos. Segundo ela, haverá reforços da Anac e da polícia para garantir que queira trabalhar, possa fazer isto.
A ameaça dos funcionários é de que a greve seja iniciada nesta quinta-feira, a partir da 0h.
O Sindicato dos Aeroviários de Guarulhos informou que pretende abordar na entrada para o trabalho os cerca de 9 mil aeroviários que trabalham no Aeroporto Internacional de Guarulhos para conquistar adesão à greve marcada.
Atrasos
Dos 164 voos domésticos programados até as 18h desta quarta-feira, em Cumbica, em Guarulhos, 83 atrasaram meia hora (50,6%) e três foram cancelados (1,8%), segundo boletim da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). Em Congonhas, o atraso ocorreu em 53 voos (29%), outros 22 foram cancelados (12%).
No total, dos 1.949 voos domésticos programados até as 18h em todo o país, 625 (32,1%) atrasaram e 80 foram cancelados (4,1%). Entre os voos internacionais, 43 atrasaram (33,6%) e dois foram cancelados (1,6%).
Entre os aeroportos com maiores índices de atrasos de voos domésticos até as 17h, além de Cumbica, estão Acre (66,7%), Belém (50,9%), Natal (50%) e Brasília (42%).
A previsão da Anac é que no mês de dezembro viajem de avião 1,5 milhão de passageiros a mais que a média dos outros meses. Solange Vieira acrescentou que nesta quinta 480 mil pessoas devem usar o sistema aeroviário do país.
Ameaça de greve
Na terça-feira (21), representantes dos aeronautas e aeroviários, dos patrões e do Ministério Público do Trabalho se reuniram para discutir reajuste salarial, mas não fecharam acordo. Os trabalhadores dizem que devem cruzar os braços nesta quinta-feira.
De acordo com os representantes, as empresas oferecem reajuste de 6% e os trabalhadores querem aumento de 13% para aeroviários e de 15% para aeronautas.
Questionada sobre possíveis punições aos grevistas, Solange Vieira afirmou que isso não cabe à Anac decidir. “A Justiça que irá definir se a greve é legal ou não”, disse. Solange Vieira aproveitou para minimizar os atrasos e cancelamentos ocorridos nesta quarta-feira, que chegaram a mais de 50% no Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo. “Isso (atrasos e cancelamentos de voos) ocorreu por questões meteorológicas”, justificou.
A presidente da agência disse esperar que a greve não ocorra. Para tal, se baseou em conversas que teve nos últimos dias com aeroviários e aeronautas das duas principais companhias aéreas do país.
Reunião com a TAM
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, se reuniu na manhã desta quarta-feira (22), em Brasília, com o presidente da TAM, Líbano Barroso, e com representantes da Infraero e Anac. O objetivo do encontro foi discutir as consequências da greve de aeroviários, anunciada para quinta-feira.
Representantes dos trabalhadores reclamam de não serem ouvidos pelo governo e afirmam que a greve agendada está mantida. Segundo o secretário-geral do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Marcelo Schmidt, houve um esforço do Ministério Público do Trabalho (MPT) para que houvesse acordo sobre as reivindicações. Além de um reajuste que represente ganho real no salário, a categoria pede a criação de piso salarial para categorias com salários abaixo de R$ 700.
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