A cada dois dias, um adolescente é morto na cidade de São Paulo. O dado está no relatório Índice de Homicídios na Adolescência (IHA), desenvolvido pelo Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e divulgado ontem pela Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência, Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a ONG Observatório de Favelas.
A pesquisa estima que cerca de 33 mil adolescentes entre 12 e 18 anos podem ser assassinados até 2013 em 266 municípios do País com mais de 100 mil habitantes. Na cidade de São Paulo, serão 1.502 - um a cada dois dias entre janeiro de 2007 e dezembro de 2013. Para chegar à estimativa, os pesquisadores levantaram a média de mortes no Ministério da Saúde entre 2005 e 2007 e traçaram a projeção dos próximos seis anos, segundo o sociólogo e professor da UERJ Ignacio Cano, coordenador do relatório.
"A mudança mais importante com relação à pesquisa que fizemos em 2005 foi que o perfil da vítima está ainda mais delimitado", afirma Cano. O homicídio é responsável por 45% dos casos de mortes de adolescentes. Homens são 12 vezes mais vítimas que mulheres, e as armas de fogo são utilizadas em seis de cada sete casos. Há quase quatro vezes mais mortos entre negros do que entre brancos.
"A ausência de mudanças nas estruturas faz com que esses números de violência, assim como os indicadores sociais, não mudem. Está ligado à vulnerabilidade que a população pobre e negra sofre no País", opina o presidente da ONG ABC Sem Racismo, Dojival Vieira dos Santos.
Outros aspectos que explicam o alto índice de mortes são o uso de drogas, a evasão escolar e a falta de oportunidades. "Se o governo não dá uma oportunidade para o adolescente, o tráfico de drogas dá", afirma o vice-presidente da Comissão Nacional da Criança e do Adolescente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ariel de Castro Alves. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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