O site WikiLeaks adiantou para alguns veículos no mundo o vazamento de quase 400 mil documentos das Forças Armadas dos Estados Unidos sobre a guerra no Iraque que mostram uma política sistemática de ignorar a tortura no país do Oriente Médio.
Os arquivos foram estudados em primeira mão pelo jornal parisiense Le Monde, o americano The New York Times, o britânico The Guardian, e a revista alemã Der Spiegel. Com exceção do diário francês, os outros três veículos haviam publicado anteriormente um vazamento de documentos sobre o Afeganistão, que fez com que o secretário da Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, “implorasse” ao site para parar de divulgar as informações. O Centro de Jornalismo Investigativo também teve acesso aos dados antes.
Um dos dados mais chocantes, destacado pelo NYT é o de 15 mil mortes que eram desconhecidas até o momento, ocorridas durante os anos de conflito no Iraque. Com isso, o saldo trágico de perdas de vidas sobe para 109 mil no país do Oriente Médio.
O Monde destacou que a tortura era a norma nas prisões e até postos de controle do país. Um trecho de documento publicado pelo jornal mostra como os militares sabiam da prática.
“13 de novembro de 2005. Às 16h, a segunda brigada de combates sinaliza a descoberta de 173 pessoas detidas em uma prisão do Ministério do Interior próxima a Karada. Muitos prisioneiros têm marcas de tortura, principalmente de queimaduras de cigarro, as [manchas] azuis podem ser de feridas abertas. Muitos presos tossem. Eles podem ser classificados como ‘feridos capazes de andar’. Cerca de 95 presos estavam presos em uma mesma cela, sentados com uma venda nos olhos, todos voltados para a mesma direção. De acordo com detentos interrogados no local, 12 deles morreram devido a doenças nestas últimas semanas.”
Uma frase que se repete em relatos semelhantes, ainda de acordo com o Monde, é que livra os homens da coalizão de responsabilidade nos atos.
- As forças da coalizão não estão implicadas nestas acusações, uma investigação mais profunda não é necessária.
Um outro ponto chocante dos relatos, segundo o New York Times, é a força das empresas privadas na guerra. Os seguranças privados, acusados por muitos de serem apenas mercenários, dominaram a cena em uma escala nunca vista antes em guerras comandadas pelos EUA. As relações entre estes homens e os soldados americanos eram tensas, mas os assim ditos mercenários cresceram tanto que precisaram de novos mercados, como o Afeganistão.
O Pentágono (equivalente ao Ministério da Defesa no Brasil) condenou o vazamento do WikiLeaks. A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, seguiu a mesma linha, afirmando que as informações colocam os militares do país em risco.
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