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Guerra do tráfico deixa 1,8 mil com fome no Rio

 A guerra do tráfico no Morro da Serrinha, que começou na sexta-feira, respingou ontem na Avenida Ministro Edgar Romero, uma das mais movimentadas de Madureira, na Zona Norte do Rio. Por ordem de bandidos, o Restaurante Popular Tia Vicentina teve que f

Da Redação

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 Criminosos passaram pela porta do restaurante popular e ameaçaram os funcionários
Icone Camera Foto por Paulo Alvadia / Agência O Dia
Criminosos passaram pela porta do restaurante popular e ameaçaram os funcionários
Escrito por Da Redação
Publicado em 13.10.2010, 00:01:00 Editado em 27.04.2020, 20:56:20
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A guerra do tráfico no Morro da Serrinha, que começou na sexta-feira, respingou ontem na Avenida Ministro Edgar Romero, uma das mais movimentadas de Madureira, na Zona Norte do Rio. Por ordem de bandidos, o Restaurante Popular Tia Vicentina teve que fechar as portas e, segundo a Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, cerca de 1.800 pessoas não puderam almoçar. Um homem que seria bandido foi encontrado morto.

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Ainda de acordo com a secretaria, dois criminosos em bicicletas passaram pela porta e fizeram ameaças aos funcionários, por volta das 11h30. O restaurante fechou às 12h15, por questões de segurança. O local, que normalmente recebe 3 mil pessoas por dia, tinha atendido 1.200 clientes quando trancou as portas.

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“Se fosse ordem do tráfico, teriam fechado tudo. Não só o restaurante popular”, disse um trabalhador, indignado.
Estranha ou não, a ordem foi confirmada pelos frequentadores que já estavam no interior do restaurante no momento do fechamento.


Os confrontos têm assustado moradores e comerciantes de Madureira. Motoristas que tentavam fugir ontem do tiroteio, por volta das 16h, deram um nó no trânsito do bairro, que já é intenso. Nas ruas e passarelas que dão acesso às estações de trem, impressionou a correria em direção ao Mercadão de Madureira, local considerado mais seguro.


“O que está acontecendo é um absurdo. Temos aqui um dos maiores centros comerciais do Rio. Quantos já ouviram falar que Madureira é capital do samba? Era. Agora é a capital do inferno. Passei 41 anos nesse bairro e pela primeira vez penso seriamente em sair daqui”, disse um morador.

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O fundador da Central Única das Favelas (Cufa), Celso Athayde, postou comentários no Twitter sobre o tiroteio em Madureira. Ele disse que estava a um quilômetro do confronto. “O tiro tá comendo em Madureira. Uma bala entrou pela janela e parou na porta. Tá fogo!”, escreveu. Depois, desabafou: “Não consigo me acostumar. Não deixa de me indignar nunca. Estou a um quilômetro da guerra. E quem está a 10 metros dessas balas?”

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Uma morte confirmada


Um homem identificado apenas como Gigante, que seria traficante da Serrinha, foi encontrado morto num carrinho de compras com as mãos amarradas e sinais de espancamento na Rua Sanatório, acesso à favela São José da Pedra. Essa foi a primeira morte confirmada pela polícia, embora os moradores afirmem que há corpos no morro.

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A guerra se estendeu a outros bairros, ontem à noite. Por volta das 20h30, policiais do 41º BPM (Irajá) reforçaram o policiamento nos acessos aos morros do Juramento e Juramentinho, em Vicente de Carvalho e Thomaz Coelho, onde aconteciam tiroteios. Alguns trechos da Avenida Pastor Martin Luther King Jr. chegaram a ser fechados.


Durante a manhã de ontem, o medo dominava moradores das favelas São José da Pedra, Dona Zélia, Patolinha e Primavera — adjacentes à Serrinha e que já foram tomados do Terceiro Comando Puro pelo Comando Vermelho. Apenas o bando da Serrinha resiste.

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População sem água e presa em casa

Acuados, os moradores já não sabem o que fazer. Eles contam que não podem circular pelas ruas das favelas. Sair de casa é risco de vida.


“Tem muitos corpos em cima do morro. Muita gente está ferida. Aqui, a polícia ainda não subiu. Vários moradores foram expulsos. Muitos, espancados por terem ligação, mesmo que de amizade, com os traficantes expulsos. Até meninas novas, que já namoraram com algum, foram expulsas”, desabafou morador que, desde sexta, não consegue sair da favela.


Segundo esse morador, não há água na favela. “Os canos estão todos estourados. Eles roubaram café e comida da casa de quase todo mundo e levaram para seguir para a Serrinha. Não podemos circular porque acham que vamos falar algo. Alguém precisa fazer alguma coisa pela gente”, contou.

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