30 de setembro é uma data marcante para Gregory Camillo. Em 2009, ele estava tentando vender a prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) para jornais, sites e órgãos de imprensa. Em 2010, exatamente um ano depois, comandava as pick-ups como DJ de uma casa noturna recém-inaugurada no Itaim Bibi, bairro nobre de São Paulo.
Entenda o caso do furto do Enem
A reportagem do R7 esteve na boate Play à procura do acusado. Na madrugada do dia 30, uma quinta-feira, ele foi o segundo a tocar na noite da estreia. Ao todo, eram quatro DJs - Gregory é um dos fixos da casa. Assim como outros suspeitos, ele responde em liberdade pela ação na Justiça sobre o furto e a tentativa de venda do Enem.
Quando viu a equipe de reportagem, mesmo sem saber do que se tratava, Gregory Camillo se mostrou arredio. Ele virou as costas, mas aceitou conversar sobre música eletrônica: contou que tocará na boate duas vezes por semana e que gosta do estilo house, uma vertente desse tipo de som. Indagado sobre o processo judicial, ele não quis dar depoimento.
- Sobre isso [escândalo do Enem], liga para o meu advogado.
No ano passado, sete dias após o escândalo, o DJ combinava via Twitter uma festa com os amigos, dessa vez na Moon Disco, também no Itaim Bibi. Ele está no último ano do curso de direito da Unifieo (Fundação Instituto de Ensino para Osasco) e tem 27 anos. Entre seus livros preferidos está Feliz Ano Velho, de Marcelo Rubens Paiva. Outra de suas predileções é o filme UP - Altas Aventuras.
O DJ mostra-se grande adepto das "baladas" - de 17 mensagens postadas no Twitter, 13 são convites ou comentários de festas com música eletrônica. O perfil dele no Facebook detalha suas opiniões sobre o estilo musical e termina com a frase: "a nossa vida é uma volta que não pretende parar tão cedo".
Ralfi Rafael da Silva, advogado de Gregory, falou com o R7 por telefone. Disse que, depois do escândalo, seu cliente foi demitido do emprego – ele trabalhava como operador de telemarketing. Apesar das acusações, o DJ leva uma vida normal, sem sobressaltos, segundo seu advogado. Silva não confirma se a demissão ocorreu devido ao envolvimento no caso, e fez ameaças contra a reportagem.
Questionado se poderia parecer estranho que Gregory estivesse na festa justamente no "aniversário" do vazamento, o advogado afastou a possibilidade.
- [Gregory] Não está comemorando nada, ele está tocando numa casa noturna. Ele é DJ, é a profissão dele. Não tem que “pegar mal”. Se [você] colocar [na reportagem que ele estava comemorando na festa] vai arcar [com um processo].
O advogado e Gregory são amigos desde a infância. Eles estudaram juntos no colégio e frequentaram a mesma universidade, mas em épocas diferentes. O advogado é suplente de uma vereadora pelo PMDB de Osasco, mesmo partido pelo qual ela disputa uma vaga como deputada estadual.
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