A Espanha sente nesta quarta-feira (29) os efeitos da primeira greve geral contra o governo de José Luis Rodríguez Zapatero, convocada pelas duas grandes centrais sindicais do país, UGT e CCOO, para protestar contra a reforma trabalhista. A paralisação provocou dificuldades principalmente no sistema de transporte e houve conflitos entre manifestantes e policias em diversas regiões.
Ao todo, 78 pessoas foram presas em incidentes na capital Madri e nas regiões da Catalunha, da Andaluzia, em Valência e Alicante.
A greve geral coincide com uma jornada de luta na Europa, marcada por uma grande manifestação em Bruxelas e concentrações em Portugal, Itália e Polônia contra as medidas de austeridade para enfrentar a crise.
No meio da manhã, a paralisação tinha adesão de 71,70%, segundo o secretário da União Geral dos Trabalhadores (UGT), José Javier Cubillo. De acordo com o jornal espanhol El Pais, esse índice é calculado sobre uma base de 10 milhões de trabalhadores.
Antonio del Campo, secretário das Comissões Operárias (CCOO) comemorou uma ampla adesão à greve.
- A paralisação é praticamente total desde a noite de terça-feira nos setores de indústria e serviços, siderurgia, infraestrutura, coleta de lixo e serviços de limpeza urbana. O consumo de energia registrou queda como a do nível de um feriado, o que confirma o êxito da greve geral.
O governo afirmou que nas primeiras horas da greve os serviços mínimos foram respeitados e não foram registrados incidentes consideráveis.
Em toda região catalã, cuja capital é Barcelona, foram detidas 23 pessoas, segundo as autoridades. O governo da comunidade de Madri informou a detenção de 38 pessoas, de acordo com o jornal El País.
Em Madri, circulava um trem a cada hora, segundo o ministério do Trabalho.
Canais de TV interrompem transmissão
As ações dos piquetes concentraram-se na entrada dos mercados de abastecimento de Madri e Barcelona e houve apenas alguns incidentes pontuais.
Ao todo, 15 pessoas ficaram feridas em confrontos em diversos pontos do país.
Alguns canais de TV regionais como Telemadrid e Canal Sur interromperam suas transmissões durante a noite.
Em Barcelona, o centro da cidade parecia um domingo: as lojas fecharam as portas.
Zapatero declarou nesta quarta-feira, ante o Congresso dos Deputados, que "o governo trabalha para garantir o direito à greve e o direito ao trabalho".
Recordou ainda aos sindicatos a "obrigação de contribuir para o diálogo" sobre a reforma trabalhista.
Plano de austeridade foi o estopim do movimento
O governo aprovou recentemente um plano de austeridade para reduzir o déficit público (saldo negativo nas contas governamentais), com a redução dos salários dos servidores e o congelamento das pensões de aposentadoria. E prepara ainda um orçamento com cortes para 2011.
Os protestos começaram à tarde, com manifestações em Madri e dezenas de outras cidades.
Grupos de jovens queimaram um carro da Guarda Urbana e confrontaram a polícia de Barcelona, que desalojou manifestantes de uma agência bancária ocupada há 48 horas.
Somente em Barcelona, 400 mil pessoas foram às ruas para protestar, informou o El País.
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