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Homenagem a político assassinado vira polêmica eleitoral em Moscou

IGOR GIELOW MOSCOU, RÚSSIA (FOLHAPRESS) - A instalação de uma placa em homenagem a Boris Nemtsov, político oposicionista morto a tiros em 2015 ao lado do Kremlin, provocou polêmica entre as correntes de oposição ao governo de Vladimir Putin. O blogueiro A

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 16.03.2018, 14:10:00 Editado em 16.03.2018, 14:10:03
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IGOR GIELOW

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MOSCOU, RÚSSIA (FOLHAPRESS) - A instalação de uma placa em homenagem a Boris Nemtsov, político oposicionista morto a tiros em 2015 ao lado do Kremlin, provocou polêmica entre as correntes de oposição ao governo de Vladimir Putin.

O blogueiro Alexei Navalni, que liderou megaprotestos no ano passado e pede o boicote da eleição presidencial de domingo (18) por estar barrado de concorrer, criticou a candidata Ksenia Sobchak. 

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O motivo: ela agradeceu, em um texto em rede social, o prefeito de Moscou, Serguei Sobianin, por ter permitido a instalação da placa antes dos dez anos regulamentares para esse tipo de homenagem. Navalni disse ser incompreensível a atitude de Ksenia, já que o prefeito foi um dos políticos que sancionou vandalismo contra tentativas anteriores de homenagens a Nemtsov.

A placa já havia sido colocada em outro ponto da parede do prédio em que Nemtsov morava ano passado, só para ser arrancada. A vigília que sempre tem dois ativistas de direitos humanos na ponte junto ao Kremlin em que ele foi baleado segue no mesmo lugar, e o pequeno santuário, cheio de flores cobertas por neve e gelo.

Seja como for, às 17h25 desta sexta (16), sob um frio de quase dez graus negativos, Ksenia estava ao pé da escada usada pelo filho de Nemtsov, Anton, para pregar com uma cola a placa na parede. "Não se trata de eleição", disse a candidata, que tem menos de 1% de intenções de voto mas atraiu quase cem jornalistas para o evento -boa parte ocidental. Havia apoiadores de Nemtsov e curiosos também, perfazendo talvez 150 pessoas ao todo.

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Não houve incidentes, exceto por um apoiador do presidente gritando "Por Putin", slogan de campanha do presidente, que foi afastado pelos policiais que cercavam o local, na rua Malaia Ordinka, região nobre ao sul do Kremlin.

O caso Nemtsov é o mais recente de uma longa linhagem de mortes políticas ocorridas na era Putin, inaugurada em agosto de 1999 se for contado seu primeiro período como primeiro-ministro. Ex-vice-premiê, Nemtsov era voz dissonante, mas com pouca reverberação interna na Rússia. Sua morte nas mãos de atiradores tchetchenos, que foram presos e condenados, o tornou ícone.

Nesta sexta (16), o Centro Levada de pesquisas de opinião divulgou levantamento no qual 42% dos entrevistados dizia duvidar que o real mandante do assassinato vá ser pego algum dia.

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Outras execuções, como a da jornalista investigativa Anna Politkovsaia em 2006, ficaram famosas. Um colega de Anna no jornal Novaia Gazeta, Roman Schleinov, conta que ficou progressivamente mais opressivo o clima para o trabalho na Rússia. Ele abandonou a mídia tradicional e se dedica a projetos de investigação independentes, como um levantamento que fez com o apoio do site letão Meduza para rastrear as fundações ligadas a políticos que financiam a campanha de Putin.

"É muito difícil", resume. Hoje há veículos independentes na Rússia, como a própria Novaia Gazeta e o diário Vedomosti, mas o grosso da informação é consumido por meio das três principais redes de TV, que têm controle estatal.

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A internet vem sendo usada para driblar as dificuldades: "É mais barato e a mensagem se espalha rapidamente", diz o responsável pela estratégia digital de Ksenia, Vitali Shkliarov. Segundo o governo, aproximadamente 75% dos russos têm acesso à web.

Desde a mais recente eleição de Putin, em 2012, grandes protestos passaram a ocorrer na Rússia de tempos em tempos. Navalni, por exemplo, tem toda sua base de mobilização por meio de redes sociais e aplicativos de mensagens. Sua Fundação Anti-Corrupção estima em 200 mil os ativistas disseminadores de informação espalhados pela Rússia.

PUTIN CONTRA ABSTENÇÃO

O presidente, que não chegou a fazer um encerramento formal de sua campanha, divulgou um vídeo institucional em que pede que os eleitores vão às urnas. Disse enfaticamente que abstenção é igual a deixar para os outros o futuro da nação, dando a medida com que está levando a sério a meta de ter entre 60% e 70% de presença de eleitores nas urnas para legitimar o pleito.

Deverá conseguir, segundo Navalni porque o novo sistema de registro de candidatos é passível de fraude justamente sobre o comparecimento, algo que a Comissão Central Eleitoral nega.

A presidente da comissão, a ex-presidenciável em 2000 Ella Pamfilova, disse nesta sexta (16) que o trabalho de observadores nacionais e internacionais será garantido no domingo (18). Ela havia recebido queixa da ONG Golos, que teve monitores descredenciados sob acusação de estarem a serviço de agentes estrangeiros.

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