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Sanções ocidentais forçaram mudanças na economia

IGOR GIELOW, ENVIADO ESPECIAL MOSCOU, RÚSSIA (FOLHAPRESS) - Quando serve uma entrada incrivelmente aromática de peixes do mar Negro temperados com frutinhas silvestres e bastante endro, o garçom Sasha sorri e faz questão de dizer: "100% russo!". Ele traba

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 16.03.2018, 04:10:00 Editado em 16.03.2018, 04:10:10
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IGOR GIELOW, ENVIADO ESPECIAL

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MOSCOU, RÚSSIA (FOLHAPRESS) - Quando serve uma entrada incrivelmente aromática de peixes do mar Negro temperados com frutinhas silvestres e bastante endro, o garçom Sasha sorri e faz questão de dizer: "100% russo!".

Ele trabalha no restaurante LavkaLavka, surgido de uma cooperativa de produtores orgânicos da região de Moscou em 2009. Desde 2014 a procura pelo lugar explodiu, e o orgulho patriótico de Sasha embute um paradoxo russo.

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As sanções ocidentais, impostas ao país após a reabsorção da Crimeia em 2014, foram respondidas com veto à importação de alimentos.

Assim, uma cena de restaurantes surgiu nas grandes cidades, baseada numa rediviva procura por produtos locais -que substituíram importados nos mercados chiques. Neles, queijo brie francês agora é brie da região do Volga, e a Crimeia estrela latas de peixes defumados, roubando a vaga do produto italiano ­que custava o dobro.

O White Rabbit, do chef-celebridade Vladimir Mukhin (23º na prestigiosa lista mundial 50 Best), é o exemplo mais famoso, com um cardápio sazonal ligado às regiões russas.

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"Sem as sanções, o governo teria reagido de forma diferente para enfrentar a queda no preço do petróleo. Teria emprestado para custear o déficit e defender o rublo, o que seria desastroso", diz Chris Weafer, consultor-chefe da Macro-Advisory, apontado como melhor especialista em mercado russo no país.

Com elas, o governo revidou em 2015 deixando o rublo flutuar e banindo importação de alimentos de países que puniram a Rússia. A agricultura ganhou impulso, cuja face simbólica é a gastronômica, e levou o país a se tornar o maior exportador de trigo e açúcar do mundo em 2017.

A âncora verde ajudou a puxar o PIB, que caíra 2,8% em 2015, para o 1,5% de 2017. "Mas não é suficiente, porque a tendência é de crescimento baixo até 2020, então Putin terá trabalho", afirma ele sobre o presidente que deverá reeleger-se no domingo (18).

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A diversificação da economia, ancorada na produção de petróleo e gás, é outro subproduto. Putin rearmou o país surfando em um barril a US$ 100 em vários momentos, mas desde o fim de 2014 o preço despencou a até US$ 40.

Em 2013, hidrocarbonetos representavam 52% do orçamento, que se equilibrava projetando o barril a US$ 115. Em 2017, a fatia caiu a 40%, e para este ano as contas fecham com o barril a US$ 58 -a meta é chegar a US$ 40 em 2021.

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Por outro lado, as sanções dificultaram a tomada de empréstimos e o ambiente de negócios. Cerca de 50 bancos devem fechar neste ano.

"Isso se reflete no crescimento baixo, que atinge o estilo de vida", diz Weafer. Por ora, o desemprego está sob controle, na casa dos 5%, e a inflação foi amansada a civilizados 2,5% em 2017.

Na mesa de Putin há dois planos antagônicos para revitalizar a economia: um, do ex-ministro da Fazenda Alexei Kudrin, prevê maior rigor fiscal; outro, do conselheiro presidencial e candidato ao Kremlin Boris Titov, vai na linha desenvolvimentista de aumento do gasto público.

"Putin historicamente é alinhado ao pensamento de Kudrin, mas terá de ver se haverá novas sanções e não pode descartar Titov por questões políticas", diz Weafer.

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