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Milhares protestam no Rio e em SP contra assassinato de Marielle

LUISA LEITE, FELIPE BACHTOLD, LUCAS VETTORAZZO, GUILHERME SETO E PAULA LEITE SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Milhares de pessoas protestaram nesta quinta-feira (15) no Rio de Janeiro e em São Paulo contra a morte da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) e

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 15.03.2018, 23:30:00 Editado em 15.03.2018, 23:30:13
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LUISA LEITE, FELIPE BACHTOLD, LUCAS VETTORAZZO, GUILHERME SETO E PAULA LEITE

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Milhares de pessoas protestaram nesta quinta-feira (15) no Rio de Janeiro e em São Paulo contra a morte da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, assassinados na noite de quarta (14) no centro do Rio.

No começo da noite, uma multidão em frente à Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) pedia por justiça numa das maiores manifestações de grupos de esquerda desde os protestos de junho de 2013. A Polícia Militar do Rio não divulga estimativas de público.

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Na avenida Paulista, milhares de manifestantes se reuniram por volta das 19h em frente ao Masp. A manifestação chegou a tomar as duas pistas da avenida e se encaminhou para a rua da Consolação, de onde seguiu para a praça Roosevelt.

Aos gritos de “não acabou, tem que acabar, eu quero o fim da Polícia Militar”, “Marielle presente” e “não vão nos calar”, os manifestantes também afixaram cartazes e riscaram paredes e pontos de ônibus com mensagens de protesto. Velas foram acesas junto a cartazes de protesto. Ao final da noite, apenas a pista sentido centro da avenida Paulista e da rua da Consolação permaneciam fechadas. “O ato é um alento para a alma. Além de todos os simbolismos da execução da Marielle, entendo a manifestação como um recado para todo mundo que denuncia e coloca o dedo na ferida e que ouve que não deveria fazer isso porque os outros são poderosos demais. Toda a movimentação no país mostra que o recado deles nunca vai ser suficiente. Nossa vontade de justiça social será sempre maior”, disse a vereadora Sâmia Bomfim, que era amiga de Marielle e estava presente no ato.

Perto das 22h, na praça Roosevelt, o ato dispersou. Alguns manifestantes se dirigiram à Câmara Municipal, enquanto outros deixaram o local.

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O protesto conseguiu unir sob uma mesma pauta as diversas correntes do pensamento de esquerda do Rio. Em razão da proximidade das eleições, os grupos estavam divididos, com parte apoiando o nome de Lula e parte de um possível candidato do PSOL a Presidência. A candidatura de Guilherme Boulos, por exemplo, pelo PSOL e com a bênção de Lula, gerou um racha interno do partido.

Na manifestação desta quinta, as diferenças eleitorais foram postas de lado, explicou o militante do PCB Vinícius Brandão, 18. "A luta da Marielle era pelos trabalhadores. Então, as diferenças estão de lado nessa marcha em memória dela".

Em coro, as pessoas pediam justiça e o fim da Polícia Militar. Eles entoavam cânticos como "Sem hipocrisia, a PM mata gente todo dia" e "Pisa ligeiro, pisa ligeiro, quem mexeu com a Marielle atiçou o formigueiro". Na escadaria da Assembleia, carregavam faixas que diziam "Quem matou Marielle Franco?" e "Não Recuaremos, Marielle vive".

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O deputado estadual Marcelo Freixo discursou em frente à Assembleia. "Nem que seja a última coisa que eu faça na vida, vou descobrir quem fez essa covardia", disse.

Por volta das 18h30, manifestantes saíram em direção à Candelária, enquanto outro grupo seguiu para a Cinelândia, local de início do ato no começo da tarde, em frente à Câmara do Rio, onde foram velados os corpos de Marielle e do motorista Anderson Gomes. Uma multidão de manifestantes levou flores e cartazes contra a intervenção federal na cidade. Eles também fizeram coro contra a Polícia Militar.

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Políticos e colegas da Câmara também estiveram no local. Uma das principais lideranças do PSOL, o deputado federal Chico Alencar fez um discurso na escadaria do Palácio e disse que as famílias pediram uma cerimônia reservada. Ele disse que há "opressão" e pediu uma vigília em memória à vereadora, com "serenidade".

Os organizadores do ato se revezaram em discursos na frente da Câmara, nos quais repetiram o lema "Marielle, presente", e na leitura de notas de pesar de movimentos de todo o país.

A cantora Zelia Duncan esteve no ato e disse que o momento é de luto e pediu mobilizações de rua. Manifestantes colaram cartazes em memória à vereadora e jogaram tinta vermelha em um monumento e na fachada do prédio da Câmara.

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Líderes religiosos participaram do ato e pediram orações. Roberto Cavalcanti, da Assembleia de Deus, disse que o crime representa a morte "da esperança".

THEATRO MUNICIPAL

Na estreia de "Um Jeito de Corpo", no Theatro Municipal de São Paulo, o diretor artístico do Balé da Cidade, Ismael Ivo, pediu antes do início do espetáculo que os presentes fizessem um minuto de aplausos em homenagem a Marielle Franco.

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Ivo classificou o episódio de "inadmissível" e afirmou que Marielle era "uma guerreira". O público aplaudiu por mais de um minuto e houve gritos de "Fora, Temer".

Na saída do espetáculo, um grupo protestava na escadaria do teatro aos gritos de "​Marielle, presente". O grupo também entoava "vidas negras importam" e "brancos, racistas, não passarão".

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VIOLÊNCIA NO RIO

Marielle Franco, 38, foi morta na noite de quarta, junto do motorista Anderson Pedro Gomes, 39, quando voltavam de uma roda de conversa intitulada “Jovens Negras Movendo Estruturas”. O carro em que estavam foi atingido por nove tiros. A polícia trabalha com a hipótese de execução. Uma assessora que estava no banco de trás, Fernanda Chaves, sobreviveu.

O assassinato da vereadora ocorreu dois dias antes de a intervenção federal na segurança pública do estado completar um mês. A medida, inédita, foi anunciada pelo presidente Michel Temer (MDB) em 16 de fevereiro, com o apoio do governador Luiz Fernando Pezão, também do MDB.

Temer nomeou como interventor o general do Exército Walter Braga Netto. Ele, na prática, é o chefe das forças de segurança do estado, como se acumulasse a Secretaria da Segurança Pública e a de Administração Penitenciária, com PM, Civil, bombeiros e agentes carcerários sob o seu comando.

O Rio de Janeiro passa por uma grave crise política e econômica, com reflexos diretos na segurança pública. Desde junho de 2016, o estado está em situação de calamidade pública e conta com o auxílio das Forças Armadas desde setembro do ano passado. Não há recursos para pagar servidores e para contratar PMs aprovados em concurso.

Policiais trabalham com armamento obsoleto e sem combustível para o carro das corporações. Faltam equipamentos como coletes e munição. A falta de estrutura atinge em cheio o moral da tropa policial e torna os agentes vítimas da criminalidade. Somente no ano passado 134 policiais militares foram assassinados no estado. Policiais, porém, também estão matando mais.

Após uma queda de 2007 a 2013, o número de homicídios decorrentes de oposição à intervenção policial está de volta a patamares anteriores à gestão de José Mariano Beltrame na Secretaria de Segurança (2007-2016). Em 2017, 1.124 pessoas foram mortas pela polícia.

Em meio à crise, a política de Unidades de Polícia Pacificadora ruiu —estudo da PM cita 13 confrontos em áreas com UPP em 2011, contra 1.555 em 2016. Nesse vácuo, o número de confrontos entre grupos criminosos aumentou.Apesar da escalada de violência no Rio, que atingiu uma taxa de mortes violentas de 40 por 100 mil habitantes no ano passado, há outros estados com patamares ainda piores.

No Atlas da Violência 2017, com dados até 2015, Rio tinha taxa de 30,6 homicídios para cada 100 mil habitantes, contra 58,1 de Sergipe, 52,3 de Alagoas e 46,7 do Ceará, por exemplo.

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