ANGELA PINHO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Zoológico de São Paulo ganhou um presente de aniversário antecipado nesta quarta (14). Um dia antes de completar 60 anos, o espaço foi reaberto à visitação.
O parque havia sido fechado no dia 23 de janeiro, após as autoridades de saúde localizarem um macaco bugio morto por complicações de febre amarela no local.
Também foram reabertos o Zoo Safári e o Jardim Botânico -todos na zona sul da capital paulista.
De acordo com a secretaria de Meio Ambiente, exames constataram que a circulação do vírus da febre amarela na região dos parques é isolada, restrita e de baixo risco de transmissão. Uma faixa na entrada do zoo informa que só devem entrar no local pessoas vacinadas.
DESORIENTADO
O diretor-presidente do Zoológico de São Paulo, Paulo Magalhães Bressan, disse que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) foi mal orientado ao comentar a morte do macaco por febre amarela no local, que ocasionou o fechamento do parque.
No dia 23 daquele mês, o tucano afirmou que a explicação provável para a detecção do vírus no local era a de tráfico de animais e que não seria incomum o abandono de bichos doentes no local.
A secretaria da Saúde também vinha repassando a mesma informação desde então.
Segundo o presidente do Zoológico, porém, o macaco com febre amarela já vinha sendo monitorado havia cerca de 15 dias pela equipe da instituição antes de ser achado morto, pois aparentava estar letárgico.
Bressan criticou ainda frase do coordenador de Doenças da secretaria da Saúde, de que o zoo seria um local de "desova de animais" e disse que a hipótese de tráfico animal é inverossímil.
"Imagina que um traficante pega um bugio, bota no carro, pega a marginal, chega no Zoológico, olha para um lado, olha para o outro e joga o animal pelo muro. É um traficante burro, e teria que ser atleta, porque o muro do Zoológico tem quatro metros de altura, e um bugio chega a pesar oito quilos."
Por essas razões, disse ele, o governador foi "mal brifado" (instruído) ao dar as declarações sobre o zoológico.
Para Bressan, a hipótese mais provável é que o vírus tenha sido levado por um humano, que foi picado por um mosquito dentro do zoológico, e esse inseto teria então picado o animal.
Como, ao longo dos dois meses de monitoramento, não foi encontrado nenhum mosquito de transmissão silvestre da febre amarela, ele não descarta a participação de um Aedes aegypti na transmissão -mas diz que isso precisa ser investigado.
Na semana passada, pesquisador do Instituto Adolfo Lutz já havia divulgado que uma análise genética no vírus que infectou o macaco do zoo mostrava características semelhantes aos vírus de casos humanos na região de Piracaia, a 90 km da capital, o que reforçaria a hipótese de que alguém infectado dessa região trouxe o vírus ao macaco.
O presidente do zoológico ressaltou, porém, que nenhum outro animal com o vírus foi achado no parque neste ano. Segundo ele, justamente por ter sido um fato totalmente fora do esperado, é preciso fazer mais pesquisas.
Dados da Secretaria Estadual da Saúde divulgados no último dia 12 apontam 323 casos da doença confirmados no estado, sendo que 114 evoluíram para óbito.
Mairiporã e Atibaia, na região metropolitana, continuam sendo as líderes em casos, com 141 e 52 ocorrências, respectivamente.
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