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Com contorno político explícito, 'Western' vai além da retórica

CÁSSIO STARLING CARLOS SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - "Western" é aquele tipo de obra que quem só assiste a blockbusters chama de "filme em que não acontece nada". O terceiro longa da alemã Valeska Grisebach, de fato, esvazia toda ação no sentido tradiciona

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 15.03.2018, 08:05:00 Editado em 15.03.2018, 08:05:11
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CÁSSIO STARLING CARLOS

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - "Western" é aquele tipo de obra que quem só assiste a blockbusters chama de "filme em que não acontece nada". O terceiro longa da alemã Valeska Grisebach, de fato, esvazia toda ação no sentido tradicional para produzir outro tipo de experiência.

O título tem função irônica, já que o "western", na cultura cinematográfica, foi um gênero fundador das histórias de ação tal como consumimos até hoje, com seus heróis enfrentando desafios, a conquista de novas fronteiras e conflitos entre o civilizador e bandos de selvagens bárbaros.

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Aqui, vemos um grupo de trabalhadores alemães em meio à natureza. Um trator e referências a turbinas indicam que eles estão ali para dar início a uma grande obra. Nesse sentido, talvez sejam pioneiros ou ocupantes de um canto pobre do leste europeu, mais tarde identificado como uma vila na Bulgária.

Num dia de lazer à beira-rio, esses homens solitários veem a chegada de mulheres e logo começa uma abordagem que se torna agressiva. A cena se passa entre duas margens, espaço físico e simbólico que separa alemães, de um lado, e a população local, de outro.

Um cavalo é outro elemento central do "western" que reaparece como um elo de aproximação tanto como de fricção.

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Um dos homens, o taciturno Meinhard, transita de um lado ao outro e sente uma rejeição pronta a explodir. O corpo magro e rígido de Meinhard e seu olhar vigilante traduzem esse estado de tensão permanente. 

Assim, "Western" transpõe estereótipos do velho Oeste, mas desfaz aquele cinema de relatos mitológicos. A bandeira alemã, hasteada pelos trabalhadores, ecoa um passado de ocupação militarista e um presente de liderança econômica. A reação local vem na forma regressiva de nacionalismo, de autodefesa, de tradicionalismo. A possibilidade de convivência desaparece do horizonte. Os idiomas bloqueiam o entendimento.

"Western" ganha, assim, um contorno político explícito. Não estamos, porém, diante de mais um filme retórico, como os que estreiam toda semana.

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Grisebach põe em imagens uma situação concreta, mas sua estética abstrata produz outro nível de percepção, impalpável como o medo, algo que se pressente, que não se entende, mas que está aí.

WESTERN

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QUANDO estreia nesta quinta (15)

PRODUÇÃO Alemanha/Áustria/Bulgária, 2017, 12 anos

DIREÇÃO Valeska Grisebach

AVALIAÇÃO muito bom

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