ANTONIO MAMMI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O desaparecimento de um intercambista em Dublin, na Irlanda, tem motivado buscas da polícia e da comunidade brasileira local desde o último dia 6.
Caíque Trindade de Oliveira, 24, saiu de seu apartamento em Clondalkin, no subúrbio da cidade, por volta das 10h do último dia 6 e, desde então, não foi mais encontrado.
Segundo sua mãe, Valclecia Trindade, o desaparecimento ocorreu após alguns desentendimentos do rapaz com um colega com quem dividia a casa. Ela está na capital irlandesa desde a última quarta-feira (7), depois que outros moradores do apartamento a alertaram sobre variações no humor do filho.
Na véspera do sumiço, ele disse à mãe por telefone que procuraria ajuda de um psicólogo.
"Tinha momentos em que ele sorria e logo depois chorava. Acharam que ele tinha surtado", afirma Valclecia.
O motivo original de sua ida a Dublin era verificar se Caíque realmente precisava de auxílio e, em última instância, levá-lo de volta para o Brasil.
No entanto, pouco depois de aterrissar, foi informada do sumiço do rapaz.
Valclecia então acionou a polícia local e a embaixada brasileira na cidade. Depois de quatro dias sem ter sucesso nas buscas, ela relatou o desaparecimento em sua página numa rede social.
"Eu e meus familiares estamos em contato com a polícia local que tem prestado total apoio em nossa busca. Já entramos em contato com a embaixada e as mídias irlandesas, porém ainda não obtivemos nenhum retorno." À reportagem, ela destacou a solidariedade prestada pela comunidade local de brasileiros. "A gente se organiza em grupos e faz buscas em parques e comércios, principalmente na hora do almoço e do jantar".
A escolha por intensificar a procura nesses horários se deve aos últimos vestígios deixados por Caíque. No dia 6, quando desapareceu, ele saiu de casa apenas com a roupa do corpo, dois salgados e uma garrafa de água. Não levou nenhum documento consigo e, míope, deixou os óculos em casa.
Um dia depois, sua carteira, contendo dinheiro, cartão de crédito e um Leap Card (o Bilhete Único dublinense) foi encontrada em um mercado na vizinhança de onde vivia. Além disso, funcionários de uma lanchonete Subway que costumava frequentar informaram tê-lo visto na quarta-feira (8) -ele inclusive deixou um livro no local.
Também na semana passada, Caíque pediu comida em um bar num endereço próximo ao de sua casa. Segundo Valclecia, que não soube precisar a data dessa nova aparição, atendentes do estabelecimento disseram que ele passava a mão na barriga e indicava estar com fome.
"A polícia disse que pediu imagens das câmeras de segurança do bar", diz ela. "Ele deve estar sentindo fome e passando muito frio. Hoje fez -1°C".
INTERCÂMBIO
Designer gráfico, Caíque abandonou um emprego de quatro anos em uma empresa de São Paulo para se dedicar ao intercâmbio em Dublin.
Ele se mudou para a Irlanda há cerca de um mês -chegou à capital do país no dia 16 de fevereiro. O programa prevê seis meses de trabalho e estudo de inglês, além de outros dois de férias.
Valclecia se diz surpresa com o ocorrido. Ela afirma que o filho era calmo, adepto dos livros e que nunca demonstrou desequilíbrio emocional. "Inclusive não é a primeira vez que ele sai de casa, já passou um mês no Canadá".
Ela está satisfeita com o trabalho da polícia irlandesa, mas reclama do que considera ser descaso da embaixada brasileira.
"Assim que cheguei, os procurei e me disseram que não podiam fazer nada. Só no sábado [10] que me mandaram uma resposta por escrito, dizendo que o que tinham para fazer era entrar em contato com a polícia para saber como está a investigação. E só", afirma.
Em nota, o Itamaraty informou que o consulado brasileiro em Dublin está acompanhando o caso.
"O consulado do Brasil em Dublin está acompanhando o caso do desaparecimento de Caíque Andrade e presta apoio consular à família, que foi recebida na Embaixada do Brasil. O consulado acompanha diariamente as investigações conduzidas pela polícia irlandesa e mantém permanente contato com os familiares, na expectativa da pronta solução do caso."
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