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Sob chuva, mulheres protestam contra intervenção e discriminação no Rio 

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Apesar de uma chuva forte e persistente no Rio na tarde desta quinta-feira (8), a marcha das mulheres reuniu diversas pessoas no centro da cidade.  A Polícia Militar não faz estimativa de público, mas informalmente um pol

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 08.03.2018, 19:40:00 Editado em 08.03.2018, 19:40:09
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RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Apesar de uma chuva forte e persistente no Rio na tarde desta quinta-feira (8), a marcha das mulheres reuniu diversas pessoas no centro da cidade. 

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A Polícia Militar não faz estimativa de público, mas informalmente um policial relatou à reportagem que havia, às 18h, quase mil pessoas na praça da Candelária, no Centro. As organizadoras não deram também una estimativa. A área da praça estava quase toda tomada por participantes, que usam capas de chuva e guarda-chuvas para se proteger do mau tempo. 

Grupos de militantes, centrais sindicais, movimentos estudantis, partidos de esquerda e ativistas independentes ocuparam a praça com pautas pela igualdade de tratamento entre gêneros e contra assédio e discriminação contra as mulheres. 

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Foram ditas palavras de ordem contra a discrepância entre salários e oportunidades entre mulheres e homens, pela legalização do aborto e pela valorização da mulher negra.

Também houve manifestações de repúdio à intervenção federal no Rio, o governo do presidente Michel Temer e o impeachment de Dilma Rousseff e de oposição ao governo do estado e da Prefeitura do Rio. 

A pauta da valorização e pelo fim do preconceito contra as mulheres negras era a bandeira do grupo Unegro, que tem representações por todo o país. 

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Segundo a integrante Claudia Vitalino, 50, a mulher negra é duplamente oprimida na sociedade atual. Além dos dramas inerentes às mulheres em geral, explica ela, as negras ainda têm de lidar contra o racismo.

Vitalino defende que a luta unificada e importante para dar visibilidade às mulheres negras das periferias do país. 

"Enquanto as mulheres brancas lutavam, no século passado, pelo voto e por trabalho, as negras estavam lutando para existir", disse. 

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Segundo ela, defender a mulher negra é também lutar pela juventude da periferia. Nesse aspecto, o Rio é tido como ponto importante, já que concentra população grande de negros em periferias onde a violência é via de regra.

Não raro, disse ela, o negro pobre é vítima do modelo atual de guerra às drogas, que dá prioridade ao combate ao tráfico de drogas no varejo em favelas.

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"Lutar pelas mulheres pretas é ir contra o extermínio do povo negro nas cidades brasileiras. O feminismo, então, é também inclusão. As pautas são convergentes", disse. 

INTERPRETAÇÃO

A artista Marcela Fauth, 32, partilha de posição semelhante. Segundo ela, há uma compreensão equivocada da sociedade a respeito do feminismo. O principal erro de interpretação, explicou, é confundir feminismo como o equivalente feminino ao machismo. 

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"Ao contrário, o feminismo prega a liberdade e a igualdade entre gêneros e, principalmente, o respeito às mulheres. Ninguém aqui quer impor aos homens os abusos que sofremos. Queremos essas atitudes machistas deixem de existir. O feminismo, então, é também o combate à desigualdade e toda a forma de discriminação".

Fauth distribuia cartazes às pessoas presentes. O que fez mais sucesso na marcha era o que dizia "feminismo é revolução". Outros cartazes distribuídos tinham mensagens como "vem pra luta amada" e "meu corpo, minhas regras". 

A artista disse ser a favor da legalização do aborto justamente por acreditar na autonomia do corpo feminino e pela liberdade de escolha. Ela argumenta que o aborto ilegal penaliza mulheres carentes que não têm acesso a clínicas que apesar de clandestinas são caras e de alta qualidade. 

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"As mulheres que têm dinheiro abortam, enquanto as mais pobres não têm acesso ao procedimento e muitas morrem por conta de abortos mal feitos", disse. 

Sob chuva, a marcha saiu e ocupou a avenida Rio Branco, uma das principais do centro do Rio, às 18h20. 

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Do carro de som, mulheres se revezaram nos discursos. Uma delas fez questão de repudiar ações de empresas que supostamente propagam a igualdade mas que não capturam as ideias defendidas pelo movimento feminino. 

Uma ativista puxou um coro de repúdio a rede de lanchonetes Mc Donald's, que nesta quarta colocou somente mulheres para atender aos clientes. A crítica era que até no dia das mulheres, elas foram colocadas para trabalhar no lugar dos homens.

CURITIBA

Em Curitiba, a manifestação conta com o apoio de grupos como a CUT (Central Única de Trabalhadores), o MST (Movimento Sem Terra) e a Secretaria de Mulheres do PT-PR.

O grupo se concentrou no final da tarde na praça 19 de dezembro e agora segue até a rua 15 de novembro, acompanhado pela Polícia Militar. O trânsito foi fechado para a passagem do ato.

Os manifestantes entoam cantos como "Eu tô na rua é pra lutar por um projeto feminista e popular" e "Se cuida seu machista a América Latina vai ser toda socialista".

Do carro de som, as organizadoras criticam a proibição do aborto, a baixa representatividade das mulheres na política e as reformas trabalhista e da Previdência.

Na capital onde nasceu a Operação Lava Jato, mulheres da Secretaria de Mulheres do PT-PR escreveram em um cartaz um recado para o juiz Sergio Moro: "Moro seu ódio só faz crescer nossa luta".

Também levaram outro cartaz com os dizeres "Marisa Letícia: ela nos representa". Marisa, mulher do ex-presidente Lula (PT), morreu em fevereiro de 2017.

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