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Potências ensaiam corrida armamentista

IGOR GIELOW SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O anúncio feito pela China, na segunda (5), de aumentar em 8,1% seu gasto militar neste ano provocou uma onda de especulação sobre uma nova corrida armamentista. É uma verdade relativa. O presidente americano, Dona

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 06.03.2018, 21:20:00 Editado em 06.03.2018, 21:20:09
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IGOR GIELOW

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O anúncio feito pela China, na segunda (5), de aumentar em 8,1% seu gasto militar neste ano provocou uma onda de especulação sobre uma nova corrida armamentista. É uma verdade relativa.

O presidente americano, Donald Trump, já havia prometido aumentar em 11,6% o orçamento de defesa para 2019, que já é hoje equivalente a todos os próximos 14 países no ranking do IISS (Instituto Internacional para Estudos Estratégicos, na sigla em inglês), de Londres.

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Para completar, Vladimir Putin fez seu discurso anual à Rússia e disse que "ninguém no mundo tem algo parecido com isso" -"isso" sendo a nova geração de armas nucleares que ele apresentou.

Apesar da retórica militarista rediviva, o mundo gasta menos do que já gastou com armas. Tabela do Banco Mundial, que peca por falta de dados unificados, indica que em 1960 os países em média gastavam 6% do seu PIB com defesa -contra 2,2% em 2016.

Mas segundo o Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo, em 1988, nos estertores da Guerra Fria, os EUA gastavam US$ 580 bilhões, em dólares constantes de 2015, US$ 100 bilhões a menos do que Trump propõe.

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Depois do fim da União Soviética, em 1991, os EUA reduziram seu gasto, mas as guerras iniciadas no Afeganistão em 2001 retomaram o crescimento até um teto de US$ 760 bilhões em 2010, para decair nos anos seguintes.

Em 1960, contudo, e aí usando dados da entidade sueca, seu gasto era de 8,3% do PIB, contra 3,3% em 2016.

Ainda assim, há um risco real no ambiente atual.

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Como anotou em seu blog Mark Fitzpatrick, especialista em sistemas de mísseis do IISS, é preciso renovar o controle de armas no mundo para "evitar que uma nova Guerra Fria saia do controle".

Ele se referia a Putin, que por sinal é quem mais investe em armas quando a métrica é a porcentagem do PIB (5,3%, contra os 3,3% dos Estados Unidos e 1,9% da China, em 2016).

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Os russos redobraram esforços de modernização militar desde que tiveram dificuldades para derrotar a minúscula Geórgia numa guerra localizada em 2008.

Funcionou, como a reabsorção da Crimeia em 2014, a guerra do leste ucraniano e a intervenção no conflito sírio em 2015 provaram.

Mas e a China? O país já é uma superpotência rival dos EUA em termos econômicos, mas sua infraestrutura militar ainda padece de musculatura. O aumento de investimento prometido pelo regime liderado por Xi Jinping segue em linha com os 7,6% e 7% dos anos anteriores. É um crescimento constante: os chineses gastam dez vezes mais, em valores constantes, hoje do que em 1989.

Assim, é preciso qualificar a questão do dispêndio militar. Rússia pode gastar mais do que China e EUA proporcionalmente, mas seu gasto equivale a um décimo do que os americanos aplicam anualmente em valores brutos.

Sua força reside na reestruturação, além de, principalmente, no poderio nuclear equivalente ao dos EUA. Mas só Washington conta com dez grupos de porta-aviões capazes de projetar seu poder a qualquer canto do globo.

Já a China ainda não tem nem uma coisa, nem outra, embora progrida com um véu de segredo sobre a real natureza de seus investimentos. Seu foco central hoje é o Pacífico, pelas rotas comerciais.

Valores podem enganar também. O Brasil, que ocupa o 12º lugar do ranking do IISS, gasta praticamente tudo o que tem para defesa com pagamento de salários, aposentadorias e pensões. Está muito longe de ser uma potência militar.

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