Pelo menos 303 civis, a maioria mulheres e crianças, foram vítimas de estupro durante o acirramento do conflito na República Democrática do Congo (RDC) entre julho e agosto, segundo um relatório preliminar da ONU (Organização das Nações Unidas) publicado nesta sexta-feira (24).
"Pelo menos 303 civis foram estuprados, entre eles 235 mulheres, 13 homens, 52 meninas e 3 meninos", detalhou o informe, indicando que esse número ainda pode aumentar.
O comunicado afirmou ainda que "esses horripilantes estupros em série" e "outras violações dos direitos humanos cometidas por grupos armados" aconteceram na região de Walikale entre 30 de julho e 2 de agosto de 2010.
Grupos armados multiplicaram nesse período os ataques contra o território isolado de Walikale, leste da República Democrática do Congo, aproveitando a densidade da vegetação, a falta de estradas e a fragilidade da rede de comunicações.
Rebeldes da etnia hutu das Forças Democráticas de Libertação de Ruanda (FDLR) e suas milícias aliadas locais, Mai-Mai, cometeram estupros e saques sistemáticos em Luvungi durante quatro dias no final de julho e início de agosto.
Luvungi se encontra 70 km a nordeste de Walikale, principal cidade do território, a única rota que leva a Goma, a capital provincial.
Criminosos têm base na selva
Na selva que domina quase todo o território, os membros das FDLR e do Mai-Mai têm suas bases, de onde lançam ataques contra os povoados que ficam às margens das estradas. As FLDR são um grupo criminoso que participou também do genocídio de membros da etnia tutsi em Ruanda, em 1994.
Segundo a ONU, os criminosos bloquearam estradas, impedindo os moradores de se comunicarem com o exterior. Muitas casas também foram saqueadas.
O secretário-geral Ban Ki-moon decidiu enviar o secretário-geral Atul Khare, do Departamento de Operações de Paz à RDC para investigar o caso. A missão da organização está prevista para acabar em 30 de junho de 2011.
A União Europeia condenou em agosto os estupros no leste do Congo e pediu que o governo local aumente os esforços para impedir essa prática.
O estupro coletivo mostra "uma estratégia caracterizada por um método criminoso sistemático e o uso da violência sexual como arma de guerra", denunciaram a alta representante da UE, Catherine Ashton, e o comissário de Ajuda Humanitária, Andris Piebalgs, em comunicado conjunto.
Segundo relatos, a maioria das mulheres foi estuprada por grupos de até seis soldados armados, muitas vezes na frente dos filhos e maridos.
Copyright AFP - Todos os direitos de reprodução e representação reservados
Deixe seu comentário sobre: "ONU relata 303 estupros em conflitos"