Premiados em Berlim, cineastas brasileiros criticam Temer
GUILHERME GENESTRETI, ENVIADO ESPECIAL
BERLIM, ALEMANHA (FOLHAPRESS) - O Brasil saiu bastante premiado na atual edição do Festival de Berlim, levando alguns dos principais prêmios dos júris independentes da mostra. Em uníssono, todos os diretores brasileiros premiados aproveitaram a ocasião, na manhã deste sábado (24), para tecer críticas a Temer e à situação política.
O documentário ?Aeroporto Central?, do cearense Karim Aïnouz, venceu o prêmio concedido pela Anistia Internacional como melhor filme do Festival de Berlim a abordar o tema dos direitos humanos. A obra acompanha a rotina de refugiados abrigados num aeroporto desativado no centro da capital alemã.
Ladeado por dois dos refugiados mostrados no longa, Aïnouz aceitou o prêmio dizendo que ?muito embora tratasse da Síria?, ele se sentia na obrigação de ?falar do Brasil?.
O diretor leu um texto curto dizendo atacando o ?golpe legislativo contra a primeira mulher eleita presidente?, o ?Judiciário que condena sem provas? e o ?maior ataque aos direitos trabalhistas?. ?Isso provocou o aumento da violência e da miséria no nosso país?, disse Aïnouz.
A equipe do filme gaúcho ?Tinta Bruta? também aproveitou a premiação para protestar. ?Espero que em breve a nossa democracia seja restabelecida?, disse Marcio Reolon, um dos dois diretores da obra, que levou o prêmio Cinema de Arte do Cicae, confederação que reúne exibidores de filmes artísticos. ?Tinta Bruta? fala de um jovem que se pinta com tinta fluorescente no escuro de seu quarto e dança pintado para anônimos da internet. O ator principal do filme, Shico Menegat aproveitou o prêmio do Cicae para dizer que esperava ver o Brasil ?recuperar suas cores? e apoiar a comunidade LGBT, retratada na obra.
Na sexta (23), por sinal, a obra já havia vencido como melhor longa de ficção no Teddy, prêmio dedicado a filmes com temática ?queer? do Festival de Berlim. Nessa mesma premiação, o também brasileiro ?Bixa Travesty?, que acompanha as divagações da cantora travesti paulista Linn da Quebrada, rendeu aos diretores Kiko Goifman e Claudia Priscilla o troféu de melhor documentário.
Já ?O Processo?, filme da brasiliense Maria Augusta Ramos que acompanha o processo de impeachment de Dilma Rousseff, ficou em terceiro lugar na escolha do público como o melhor documentário da seção Panorama do festival.
