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Índios encontrados por Colombo têm parentes no Amapá 

REINALDO JOSÉ LOPES SÃO CARLOS, SP (FOLHAPRESS) - Os primeiros indígenas encontrados pelo navegador Cristóvão Colombo quando ele chegou à América em 1492 eram parentes próximos de tribos que ainda vivem na Amazônia brasileira, indica uma análise genômica

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 20.02.2018, 18:40:00 Editado em 20.02.2018, 18:40:09
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REINALDO JOSÉ LOPES

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SÃO CARLOS, SP (FOLHAPRESS) - Os primeiros indígenas encontrados pelo navegador Cristóvão Colombo quando ele chegou à América em 1492 eram parentes próximos de tribos que ainda vivem na Amazônia brasileira, indica uma análise genômica publicada nesta semana.

Para chegar a essa conclusão, a equipe liderada por Eske Willerslev, do Museu de História Natural da Dinamarca, extraiu DNA de um esqueleto com pouco mais de mil anos de idade achado numa caverna da ilha de Eleuthera, nas Bahamas.

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Ao "soletrar" todo o genoma do indivíduo -uma mulher, segundo os dados genéticos- e compará-lo com o DNA de membros de outros grupos indígenas, Willerslev e colegas verificaram uma semelhança genômica acentuada com etnias como os palicur, que vivem na fronteira entre o Amapá e a Guiana Francesa (do lado brasileiro, no município de Oiapoque).

As Bahamas foram o primeiro local do Caribe e das Américas a ser visitado por europeus durante as viagens de Colombo, embora não se saiba com certeza em qual ilha do arquipélago o aventureiro genovês aportou primeiro. Os principais habitantes da região, os taino, logo foram dizimados por epidemias e expedições escravistas, e sua cultura original desapareceu.

No entanto, uma das principais hipóteses sobre os taino já apontava a ligação entre eles e grupos amazônicos da família linguística aruak, entre os quais estão os palicur. Hoje, há cerca de 60 idiomas da família aruak no continente americano, com forte concentração na Amazônia, mas chegando também ao Pantanal e às vizinhanças dos Andes, o que faz delas o grupo linguístico com distribuição geográfica mais ampla da América do Sul.

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Tamanha capacidade de colonizar diferentes regiões parece estar ligada ao que os antropólogos e arqueólogos chamam de caráter "hidrocêntrico" das sociedades aruak -ou seja, do fato de eles geralmente estarem à vontade na água, navegando e comerciando por longas distâncias com suas canoas, diferentemente de outros grupos amazônicos que preferem viver longe dos principais rios, como os ianomâmis.

Esse aspecto de sua cultura, aliada a uma agricultura relativamente intensiva e eficiente baseada no cultivo da mandioca-brava, teria ajudado alguns grupos aruak a sair de seu berço amazônico e colonizar o mar do Caribe -isso a partir de uns 2.500 anos atrás, calculam os especialistas. As Bahamas, entretanto, teriam sido colonizadas numa época relativamente tardia.

A análise genética revelou ainda que a população dos antigos habitantes do Caribe era bastante numerosa, confirmando os relatos dos primeiros colonizadores (é possível estimar isso com base na relativa diversidade de variantes de genes presentes no DNA da moça das Bahamas).

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Além disso, o DNA de origem indígena presente no genoma de porto-riquenhos modernos é muito similar ao obtido a partir do esqueleto --alguns descendentes dos taino, portanto, miscigenaram-se com europeus e africanos que chegaram à América Central mais tarde.

O encontro com Colombo, se teve consequências desastrosas para a sobrevivência dos taino, acabou legando às línguas ocidentais algumas palavras muito usadas ainda hoje, como "tabaco", "canoa" e "furacão".

A pesquisa está na edição desta semana a revista científica americana "PNAS".

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