Os pais do imigrante Hermínio Cardoso dos Santos, de 24 anos, que acreditavam que ele tivesse escapado da chacina que vitimou 72 pessoas na fronteira do México, não esperam mais pelo retorno do filho.
O corpo de Santos foi identificado nesta quarta-feira (15) pelos peritos mexicanos, segundo informou a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social de Minas Gerais (Sedese), que vem intermediando o contato entre o Itamaraty e os familiares.
A expectativa, agora, é pelo traslado dos corpos de Santos e de Juliard Aires Fernandes, de 19 anos, morador de Santa Efigênia de Minas, que foi identificado logo após o crime.
Na manhã desta quarta-feira, a Sedese divulgou que peritos da Polícia Federal embarcariam no próximo domingo (19) para ajudar na identificação do corpo do brasileiro. A expectativa era de que, no início da semana, surgissem informações oficiais sobre o traslado dos corpos dos rapazes, que eram amigos desde a infância.
As casas de seus familiares ficam na zona rural de Sardoá e Santa Efigênia de Minas (MG), distante apenas 6 km uma da outra. Os imigrantes deixaram o país dia 3 de agosto com a intenção de entrar nos Estados Unidos via fronteira do México.
Com a identificação de Santos, a viagem dos agentes federais pode ser cancelada, mas a decisão não foi confirmada, de acordo com o assessor chefe de comunicação da Sedese, Odilon Araújo.
- Já estamos em contato com funerárias no México para agilizar o traslado dos dois corpos o mais rápido possível. Esperamos por uma definição ainda nesta semana.
A dona de casa Gislaine Aires de Almeida - prima de Juliard, amiga da família de Hermínio e contato da Sedese com os familiares dos imigrantes nas duas cidades - recebeu a notícia da identificação de Hermínio com preocupação, no início da noite desta quarta-feira.
- Embora cansados, [os pais] tinham esperança de ter o filho de volta, vivo, mas isso agora acabou. Hoje (ontem), a Maria (mãe de Santos) nem está passando muito bem. Não sei como vou dar essa notícia para eles. Vou precisar de coragem porque também estou abalada.
O massacre dos 72 imigrantes no Estado mexicano de Tamaulipas é atribuído a grupos ligados ao tráfico de drogas, que teriam exigido pagamento de resgate pela libertação das vítimas.
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