PAULO SALDAÑA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) aparece como a melhor da América Latina em 2017 segundo um dos principais rankings internacionais de universidades, o THE (Times Higher Education).
A instituição superou a USP (Universidade de São Paulo), líder no ano passado -é a primeira vez que ela é ultrapassada por outra entidade brasileira em uma classificação internacional.
A pontuação das duas foi bastante parecida, mas a estadual de Campinas se saiu melhor em 2 dos 5 indicadores: citações de artigos científicos e transferência de tecnologia.
Além destes dois critérios, são avaliados ainda ensino, pesquisa e perfil internacional. Essas cinco dimensões são compostas pela junção, ao todo, de 13 índices.
A edição 2017 do THE com foco na América Latina foi divulgado nesta quinta-feira (20). Essa é a segunda vez que a publicação, que é britânica, faz o levantamento apenas com instituições de ensino e pesquisa da região.
"Considero fantástico ver duas universidades de qualidade internacional competirem pelo prestígio de ser a principal instituição brasileira no ranking", afirma Phil Baty, editor dos rankings Times Higher Education, no material de divulgação da publicação. "Estas duas universidades tão diferentes representam a diversidade e a excelência no setor do ensino superior do Brasil."
Para o reitor da Unicamp, Marcelo Knobel, o reconhecimento é resultado de esforços acumulados. "É resultado de um trabalho que a universidade vem fazendo com relação à pesquisa, internacionalização e inovação. Ficamos contentes", diz.
"A colocação das três universidades paulistas [incluindo a Unesp, que perdeu uma posição e ficou em 12º] mostram o sucesso do modelo paulista de ensino superior. É importante que a sociedade saiba da importância que a universidade pública e gratuita tem para o desenvolvimento da sociedade."
As três estaduais contam com autonomia financeira e são financiadas por parcela fixa do ICMS (Impostos sobre Circulação de Mercadoria e Serviços). Desde 2014, enfrentam dificuldades nas contas, com a folha de pagamento consumindo praticamente a totalidade dos repasses.
Knobel afirma que há risco de a crise afetar o desempenho das universidades no futuro, mas a solidez dos projetos trazem segurança. "Temos que lidar com anos de recuperação, mas temos capital humano consolidado que vai permitir passar por esses momentos." Fundada em 1966, a Unicamp soma 26,9 mil alunos.
Além das duas estaduais, há outras três brasileiras no "top 10". A Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) ficou em 7º lugar, a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), em 8º, e a PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro), em 9º.
O Brasil figura com 18 instituições entre as 50 mais bem colocadas, o maior grupo entre os países da região. Porém perdeu espaço na lista: em 2016, eram 23 brasileiras. Ao todo, 20 caíram no ranking -muitas até melhoraram suas pontuações, mas ficaram para trás considerando-se o avanço das instituições estrangeiras. Entre as 81 listadas, 32 são brasileiras.
"O Brasil gasta mais em pesquisa e desenvolvimento do que os outros países da região, mas seu investimento é baixo para os padrões internacionais. Apesar do nível alto da produtividade das suas pesquisas, a proporção gasta especificamente com o ensino superior é menor do que a da Argentina, Chile, Colômbia, México e Uruguai. Os salários dos pesquisadores também são muito baixos para os padrões internacionais e estão entre os mais baixos da região", afirma Phil Baty, do THE.
O Chile desafia a liderança do Brasil com 15 universidades entre as 50 melhores, 11 a mais do que no ano passado. A terceira melhor instituição da América Latina neste ano é a PUC-Chile (Pontifícia Universidade Católica do Chile), seguida da Universidade do Chile.
A Colômbia possui cinco entre as 50 melhores. A Universidade dos Andes subiu cinco posições e aparece agora em 5º lugar.
Questionada na noite de quarta-feira (19), a reitoria da USP não se posicionou sobre a lista até a publicação deste texto. Na última edição principal do THE, que leva em conta universidades de todo mundo, a USP ficou em primeiro na América Latina.
A liderança da USP também aparece em outras publicações internacionais, como um outro levantamento da THE sobre reputação acadêmica e nos rankings QS.
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