OBS: INCLUI SAÚDE-GOVERNO 2
NATÁLIA CANCIAN E GUSTAVO URIBE
SÃO PAULO, SP E DE BRASÍLIA (FOLHAPRESS) - O ministro da Saúde, Ricardo Barros, defendeu nesta quinta (13) a adoção de biometria em todas as unidades de saúde e de um "padrão de produtividade" para fiscalizar profissionais que atuam no SUS, em especial os médicos.
"Vamos parar de fingir que pagamos o médico e o médico parar de fingir que trabalha", disse, a um público formado por secretários municipais de saúde , em evento no Palácio do Planalto. "A biometria do funcionário vai permitir que essas pessoas cumpram o contrato que fizeram com o poder público."
As declarações do ministro motivaram reação de entidades médicas, que consideraram os comentários "inadequados" e "pejorativos".
Nos últimos meses, Barros já havia entrado em atrito com a categoria após afirmar que os médicos não mostram disposição para o trabalho.
Nesta quinta, ele disse que é preciso também estabelecer metas de desempenho para que as prefeituras possam fiscalizar os médicos, como tempo destinado às consultas.
"Vamos estabelecer metas de desempenho, e quem estiver abaixo do seu desempenho, vai ser chamado a aumentar sua produtividade."
Ele cita como exemplo um parâmetro da OMS (Organização Mundial de Saúde), que prevê cada consulta dure cerca de 15 minutos. "Hoje o médico vai lá, faz quatro horas de concurso e marca 16 consultas. Ele vai lá, faz cinco minutos de consulta e vai embora. Queremos o médico no tempo que concursou."
Em uma declaração polêmica, Barros afirmou ainda que muitos pacientes buscam diretamente o pronto-socorro dos hospitais porque muitos médicos não cumprem a carga horária contratada nas unidades básicas de saúde, que deveriam responder pelo primeiro atendimento.
"O grande problema de saúde é que não conseguimos fazer com que o médico fique quatro horas na unidade de saúde. A pessoa que tem problema vai diretamente no hospital, porque lá ele sabe que vai estar o médico."
Segundo o ministro, o governo publicou credenciamento para selecionar empresas para informatizar e adotar biometria nas unidades até 2018. O custo deve ser dividido entre União e municípios.
Em nota, o CFM (Conselho Federal de Medicina) e a AMB (Associação Médica Brasileira) disseram que médicos e outros profissionais de saúde "são frequentemente constrangidos" por declarações de gestores, "inclusive o ministro Ricardo Barros, que distorcem as dificuldades enfrentadas pelo SUS".
A Federação Médica Brasileira diz ser tentativa de "denegrir" a imagem da classe. Segundo ela, o sistema de ponto para servidores é defendido por entidades. "Barros avalia como mais conveniente culpar os médicos pela falta de estrutura, de recursos humanos, de laboratórios, de equipamentos."
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