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Moradores da periferia de SP embarcam na onda das bikes

WILIAM CARDOSO SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Pedalar 38 km até o serviço, gastar boa parte do salário em peças para a bicicleta ou viajar em duas rodas por aí, com apoio e segurança, são coisas que pessoas apaixonadas por bikes têm feito na periferia da ca

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 16.05.2017, 00:25:04 Editado em 16.05.2017, 20:29:23
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WILIAM CARDOSO

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Pedalar 38 km até o serviço, gastar boa parte do salário em peças para a bicicleta ou viajar em duas rodas por aí, com apoio e segurança, são coisas que pessoas apaixonadas por bikes têm feito na periferia da capital.

Não importa a distância até a região central da cidade, os paulistanos têm demonstrado no dia a dia carinho pelas "magrelas" de diversas formas, em meio à polêmica sobre a possível remoção das ciclovias dos pontos distantes de bairros ricos.

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O operador de logística Paulo Saldanha, 30 anos, é um bom exemplo de quem introduziu a bike na vida e não a larga mais. Morador da Cidade Tiradentes (extremo da zona leste), ele vai de bicicleta para o serviço, em Pinheiros (zona oeste), ao menos duas vezes por semana. "Saio às 6h e entro no trabalho às 8h. São 38 km. Na volta, é bem relaxante vir pedalando até em casa", diz.

Segundo ele, tudo começou há cerca de quatro anos, quando voltou a pedalar. "No começo, tinha uma bicicleta só para passear pelo bairro. Depois, fui aumentando as distâncias e comprei uma maior, aro 29."

Saldanha já foi entregador, usando bike, e acabou depois promovido na empresa. Segundo ele, ainda há muita diferença entre as ciclovias da região central em relação às da periferia, menos conservadas. "Você anda na da avenida Paulista e é um oásis. Na periferia, é um caos, precisa melhorar bastante", reclama Saldanha.

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Morador do Parque São Rafael, o ajudante-geral Geovane Gabriel Lemes Pinto, 21 anos, pedala todo dia 15 km até o serviço, na Vila Ema, também na zona leste.

Apaixonado por bikes, ele tem duas. A preferida é uma modelo "speed", típica de corrida. Para deixar do jeito que gosta, chegou a gastar R$ 800 só nos trocadores de marchas. Com a bicicleta turbinada, vai rápido para o trabalho. "Levo meia hora e, se tivesse mais ciclovias, seria ainda mais prazeroso. De ônibus lotado é que eu não vou mesmo", diz.

Ciclistas que moram além das marginais Tietê e Pinheiros têm encontrado na estrada um jeito de fugir do trânsito carregado da capital e espairecer. São viagens em grupo que contam com carro de apoio, até cinco refeições por dia e, dependendo da distância, ônibus leito para o retorno à cidade.

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Em abril deste ano, o grupo de ciclistas Pedal ZN organizou uma megapedalada até o município de Aparecida (180 km de São Paulo). Quem foi ao passeio contou com apoio mecânico, segurança e cinco refeições ao longo das 12 horas de viagem.

"A popularização da bicicleta, que a gente vê no mundo inteiro, tem acontecido aqui também. A pessoa pode economizar no dia a dia com o transporte e investir na saúde", afirma o representante comercial Josimar Cavalcante, 51 anos, um dos coordenadores do grupo, que tem uma comunidade com quase 11 mil seguidores na rede social Facebook.

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Cavalcante, conhecido como Old Gamma, também organiza os passeios ciclísticos pela própria capital ao longo da semana. Há pedaladas para diversos níveis de preparo físico durante as noites paulistanas. Para ele, é importante aperfeiçoar as ciclovias já existentes na capital.

"Não é uma bobagem, mas uma necessidade. Não tem como incentivar o ciclista sem oferecer um recurso", diz Cavalcante.

TENDÊNCIA AQUECE O COMÉRCIO

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As bicicletarias da periferia da capital perceberam o aumento do interesse dos moradores pelas "magrelas". O investimento em peças e bicicletas modernas é grande, apesar da crise econômica e do aumento do desemprego.

O comerciante Jefferson Ortis da Costa, 39 anos, é dono de uma bicicletaria em Sapopemba (zona leste) e vê no dia a dia pessoas interessadas em bikes de até R$ 4.000, que coloca à venda. "Já vi por aqui clientes com bicicletas de R$ 14 mil."

O bombeiro civil Willian Dantas, 32 anos, morador da região e cliente de Costa, trocou de bike duas vezes em pouco mais de uma ano. A sua terceira bicicleta é uma aro 29, com freio a disco, de cerca de R$ 1.800, que usa para manter o físico. "Hoje, a bike é o meu hobby."

SECRETARIA DIZ QUE VAI REVISAR CICLOVIAS

Questionada sobre a possível remoção de ciclovias na periferia, a Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes diz que iniciou plano de revitalização e revisão, "com o objetivo de garantir a convivência, com segurança, entre bicicletas e os demais veículos em São Paulo".

Segundo a secretaria, será organizado um debate com ciclistas, comunidade local e representantes da prefeitura. "O resultado desse diálogo é o que definirá o projeto a ser adotado em cada ponto da cidade", disse, em nota.

Em abril, o prefeito João Doria (PSDB) afirmou que ciclovias que atrapalhem o comércio "deixarão de existir". "Na periferia há várias ciclovias que não têm ciclistas. E elas, na verdade, prejudicam o comércio varejista", disse, na ocasião.

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