Simulação contradiz dados de versão de Mizael

O delegado Antonio de Olim, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), divulgou, na tarde desta quarta-feira (11), o que disse ser uma prova que estava “guardando para o promotor e a Justiça” no caso Mércia Nakashima.

Ele afirmou que um telefone celular que teria sido usado no dia do desaparecimento da advogada pelo ex-namorado dela, o policial militar aposentado e advogado Mizael Bispo de Souza, recebeu uma ligação às 21h20. A antena que registrou o telefonema fica entre a casa do advogado e o município de Nazaré Paulista, onde o carro e o corpo de Mércia foram localizados. Quem ligou, segundo a polícia, foi a ex-mulher de Mizael. Depois desse telefonema, o celular não teria sido mais utilizado.

A polícia realizou nesta quarta-feira, em vários pontos de Guarulhos, na Grande São Paulo, uma reprodução simulada da versão apresentada pelo ex-namorado de Mércia e os dados colhidos no rastreamento do carro do advogado e das antenas de celular.

Mizael e o vigia Evandro Bezerra Silva são acusados de matar Mércia. Os dois estão soltos e alegam inocência.

Para Olim, a reprodução mostrou contradições no depoimento do suspeito. Uma delas seria que, no ponto onde Mizael diz que pegou uma prostituta na noite de 23 de maio, quando Mércia desapareceu, existe um grande fluxo de veículos e não há como parar carros. “Além disso, no rastreamento, o carro não para no lugar que ele diz”, afirmou o delegado. Olim também afirma que, nas horas que o carro dele permanece estacionado no Hospital Geral de Guarulhos, os celulares seguiram recebendo telefonemas, em outros pontos do município.

O advogado de defesa de Mizael, Samir Haddad Júnior, disse que não teve acesso a essa prova. Segundo ele, no entanto, o ex-namorado de Mércia sempre negou ter ido para perto da represa no dia do desaparecimento dela.

Haddad diz que irá contestar a reprodução simulada porque "ela deveria ter ocorrido em um domingo". Segundo ele, durante a semana as vias do município têm um tráfego bem maior. O advogado afirma, por exemplo, que é possível parar rapidamente no ponto onde Mizael diz ter pego a prostituta em um dia de menor movimento no trânsito.