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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O advogado Luis Henrique Machado, 35, havia passado em frente ao shopping Olympia vinte minutos antes do ataque a tiros que deixou ao menos nove mortos e outras 21 pessoas feridas em Munique, na Alemanha, nesta sexta-feira (22).
Machado, que acabara de voltar da Universidade Ludwig Maximilian de Munique (LMU na sigla em alemão), estava em casa, a 250 metros do local do atentado, trabalhando no texto de sua tese quando ouviu os disparos e, logo em seguida, pessoas gritando. O advogado mora no Brasil, mas mantém residência fixa na Alemanha, para onde vai duas vezes por ano por causa do doutorado em direito na Universidade Humboldt de Berlim.
"Munique é uma cidade tão calma que, quando ouvi o tiroteio, não tive dúvida de que era um atentado", contou ele à reportagem, por telefone. "Eu havia acabado de passar naquele beco onde minutos depois uma pessoa foi morta."
Machado só conseguiu falar com a mulher, Fernanda, que está em Brasília, por uma ligação via WhatsApp. Logo depois do ataque, de acordo com ele, o sistema de telefonia da cidade parou de funcionar. "Estava muito chocado porque ouvi os tiros e as pessoas gritando", contou.
CAOS
Segundo ele, o "caos tomou conta do país". "A recomendação da polícia alemã era para que que todos ficassem em casa. O sistema de transporte parou, não tem metrô, não tem táxi", disse.
"Estamos vivendo a universalização do terrorismo", disse, lembrando dos ataques recentes na Europa, como o do tunisiano que matou 85 pessoas em Nice no dia 14 e o do afegão que feriu cinco em Würzburg dia 22.
Machado disse que, em meio ao clima de caos e terror que tomou conta da cidade, os que moram há muitos anos na região próxima ao shopping Olympia "lembraram, imediatamente, do ataque durante a Olimpíada de 1972". "O parque olímpico é a menos de três quilômetros de onde estamos hoje. Mais de quarenta anos depois daquele atentado, outro ataque acontece na região", afirmou.
Já passava das 3h da madrugada de sábado (23), no horário local, e Machado ainda não havia conseguido dormir. "Vai ser difícil dormir hoje", disse.
O retorno do advogado ao Brasil está marcado para o início de agosto.
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