SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As obras de recuperação do Museu da Língua Portuguesa e da Estação da Luz, na região central de São Paulo, consumidos por um incêndio no final de dezembro de 2015, começaram na terça-feira (8) e devem custar cerca de R$ 1,8 milhão.
A gestão Geraldo Alckmin (PSDB) informou que as obras de recuperação devem ser concluídas em dez semanas -até meados de maio. Segundo o governo paulista, o recurso é proveniente do seguro do museu -prédio tinha apólice contra incêndios no valor de R$ 45 milhões.
Nessa primeira etapa, está prevista a liberação das entradas principais da estação -interditadas pela Defesa Civil-, e também a preparação do conjunto arquitetônico para a próxima fase, a de de restauro. Por enquanto, os usurários acessam à estação da Luz pela rua Casper Líbero e em frente ao prédio da Pinacoteca.
Para evitar a infiltração de água de chuva, será realizado a impermeabilização das lajes expostas, a instalação de sistemas de drenagem e a construção de uma sobrecobertura provisória. Só após a conclusão dessas etapas, serão reabertas as entradas principais no saguão da estação da Luz com acesso às áreas de embarque e desembarque da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e do Metrô.
Como a Estação da Luz é tombada, o governo paulista diz que a intervenção já foi aprovada pelos três órgãos do patrimônio histórico: Iphan (Instituto do Patrimônio Artístico Nacional), Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico) e Conpresp (conselho de patrimônio histórico).
Em janeiro, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), assinou um convênio entre a Secretaria de Cultura, com a Fundação Roberto Marinho, que implantou o museu, e com a organização social ID Brasil para a acelerar a reconstrução e restauração.
Pelo convênio, a Fundação Roberto Marinho será responsável por executar as obras de reconstrução, restauro e reinstalação do museu, inclusive com as revisões museográficas, com colaboração da secretaria e da ID Brasil, que gerencia o espaço.
EXPOSIÇÃO ITINERANTE
Desde o dia 4 de março, o Museu da Língua Portuguesa realiza uma exposição itinerante por São Paulo. A primeira parada da mostra "Estação da Língua" foi em Araraquara, no Palacete das Rosas Paulo A.C. Silva. A exposição ficará em cartaz até 2 de abril, e depois seguirá para Pirassununga.
São mais de 300 metros quadrados de exposição, com destaque para o inédito "Mapa dos Falares", que exibe o português falado em diferentes regiões do Estado de São Paulo. Em telas sensíveis ao toque, o visitante poderá descobrir, por exemplo, os países em que o português também é língua nativa.
A exposição "Estação da Língua" já ocorreu por duas vezes, em 2013 e 2014. Recebeu mais de 70 mil visitantes em cidades como Santos, Araraquara e Ribeirão Preto.
INCÊNDIO
Patrimônio histórico na região central de São Paulo, o complexo da estação da Luz —que engloba a estação homônima de transporte e o Museu da Língua Portuguesa— foi parcialmente consumido por um incêndio no dia 21 de dezembro de 2015.
O fogo começou por volta das 15h50 e foi controlado após duas horas e meia. O bombeiro civil Ronaldo Pereira, 39, que trabalhava no local, fechado às segundas para visitas, morreu após parada cardiorrespiratória devido à fumaça.
As chamas destruíram o segundo e o terceiro andares do prédio, e o teto de madeira desabou. Inaugurado em 2006, o museu era um dos mais visitados da capital paulista. Seu diretor, Antonio Carlos Sartini, espera reabri-lo até 2018.
Assista
"O museu foi totalmente afetado, é uma tragédia", afirmou o secretário do Estado da Cultura, Marcelo Araujo, na ocasião. Todo o acervo do local é digital e, de acordo com ele, conta com cópia de segurança.
A estrutura da estação de trem, erguida em 1867, não sofreu dano. Construída para ser a grande porta de entrada da cidade, por onde passaria o café do interior e os imigrantes vindos de Santos, a Estação da Luz, muito semelhante à atingida agora, existe desde 1902. Uma outra, modesta, funcionava ali desde 1867.
"O que veio da Europa, desmontado, era o teto de aço. Os tijolos, por exemplo, foram feitos aqui, em olarias que a própria SP Railway incentivava que fossem feitas", afirma o arquiteto Lúcio Gomes Machado, professor da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo), da USP.
A partir dos anos 1950, com o incentivo ao transporte por automóvel, as ferrovias caíram no ostracismo. No centenário do prédio, em 2002, começaram as obras de restauração do edifício. Parte do local, que estava em estado de abandono, é que recebeu o Museu da Língua Portuguesa.
O museu e todo o complexo da estação da Luz não tinham aval dos bombeiros para funcionar.
Escrito por Da Redação
Publicado em 10.03.2016, 15:33:48 Editado em 27.04.2020, 19:52:17
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