O Departamento de Defesa americano informou nesta segunda-feira (26) que a revisão sobre o vazamento de documentos militares secretos da guerra do Afeganistão levaria "dias, se não semanas" e que é muito cedo para avaliar o dano provocado por eles.
A WikiLeaks, organização divulgou as informações para combater a corrupção corporativa e governamental, anunciou no último domingo a publicação de 91 mil documentos militares americanos sobre a guerra.
Classificando a divulgação como um "ato criminoso", o porta-voz do Pentágono, coronel Dave Lapan, afirmou que o Departamento de Defesa estava se esforçando para revisar os documentos a fim de determinar "se eles revelam fontes e métodos" que coloquem em perigo os soldados ou ameacem a segurança nacional.
- Nós vimos apenas uma fração dos documentos que supostamente estão lá; assim, até que vejamos todos eles, não conseguiremos saber exatamente a extensão do dano.
Entre os documentos estão relatórios de que os oficiais dos EUA no Afeganistão suspeitavam seriamente que o Paquistão apoiava em sigilo os insurgentes do Taleban, enquanto recebia enormes quantias de assistência norte-americana.
Lapan não quis discutir a relação com o Paquistão nem nenhum documento específico, afirmando que, apesar da divulgação deles na internet, a informação permanecia secreta.
Em defesa das divulgações dos relatórios de guerra, o fundador do Wikleaks, Julian Assange, afirmou que a função do jornalismo é questionar o poder. Assange, em uma entrevista coletiva à imprensa, disse que os relatórios de baixas civis no Afeganistão podem ser uma evidência de que a coalizão cometeu "crimes de guerra".
Governos manifestam indignação com vazamento
A divulgação de arquivos secretos das forças americanas causou a indignação de países que lutam no Afeganistão, por temor de que as vidas dos soldados estrangeiros que combatem os talibãs sejam colocadas em perigo.
O Reino Unido indicou hoje que lamentava o vazamento, mas pediu ao Paquistão que desmantele todos os grupos militantes que operam em seu território.
Os documentos contêm, entre outras coisas, notas confidenciais da embaixada de Washington em Cabul, onde é expressada a preocupação com o que denunciam como uma crescente influência do Irã no Afeganistão, ressalta um resumo divulgado na segunda-feira pelo jornal britânico The Guardian.
Em Berlim, o Ministério da Defesa, que tem cerca de 4.600 soldados no norte do Afeganistão, também criticou o vazamento e indicou que estava revisando os arquivos, embora tenha acrescentado que muitas dessas informações não são novas.
De acordo com o Guardian, pelo menos 195 mortos civis estão listados, a maior parte assassinada por disparos de soldados nervosos em postos de controle.
Deixe seu comentário sobre: "Estados Unidos vão analisar documentos que vazaram a site"