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Número de veículos guinchados pela gestão Haddad dobra neste ano

ANDRÉ MONTEIRO E FERNANDA ATHAS SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O pedreiro Valdeci Guilherme Nascimento, 32, teve seu carro guinchado pela primeira vez nesta segunda-feira (31) na cidade de São Paulo. Ao socorrer a cunhada em trabalho de parto, não achou

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 02.09.2015, 19:30:59 Editado em 27.04.2020, 19:56:56
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ANDRÉ MONTEIRO E FERNANDA ATHAS
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O pedreiro Valdeci Guilherme Nascimento, 32, teve seu carro guinchado pela primeira vez nesta segunda-feira (31) na cidade de São Paulo.
Ao socorrer a cunhada em trabalho de parto, não achou vaga no hospital e acabou deixando o carro em área proibida. Momentos depois, no lugar do Gol ano 91, estava uma placa deixada pelo guincho.
"Foi questão de 10 minutos, era uma emergência!", diz.
O número de veículos guinchados nas ruas de São Paulo disparou. Nos sete primeiros meses do ano, as remoções por estacionamento irregular mais que dobraram - subiram 130% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Em 2014, 15 veículos iam para o pátio por dia. Agora a média subiu para 34.
O aumento ocorreu depois que a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) assinou novos contratos que agilizaram as remoções e aumentaram o número de guinchos à disposição dos marronzinhos - de 23 para 33.
Agora os guinchamentos estão ocorrendo em situações em que antes não eram comuns, apesar de já serem previstas no Código de Trânsito.
Antes, com menos guinchos à disposição, a prioridade dos agentes era remover veículos estacionados que atrapalhavam a segurança e a fluidez.
Segundo a CET, com o novo sistema "houve a possibilidade de efetuar uma atuação mais distribuída em áreas onde se verificava necessidade desse tipo de fiscalização".
CONTRATO
Três consórcios foram contratados por quatro anos a um custo de R$ 111 milhões. Cada um tem que administrar um pátio com 750 vagas e deixar 11 guinchos à disposição das 6h às 22h, de segunda a sexta. Nas madrugadas e finais de semana o número é menor.
O pagamento é feito segundo a disponibilidade de veículos e pelo tempo de remoção, e não pela quantidade de vezes que os guinchos são acionados
A CET diz que a fiscalização é feita principalmente com a ajuda dos munícipes.
De janeiro a julho, 44% das ligações recebidas pelo telefone 1188 eram pedidos de fiscalização relacionados a estacionamento proibido - carros e motos em frente a guias rebaixadas, em fila dupla, esquinas ou em cima da calçada, por exemplo.
"Além das requisições feitas por telefone, os agentes de campo estão atentos para coibir esse tipo de infração e, eventualmente, solicitar o serviço de guinchamento para liberar o viário", diz a companhia.
O dono do carro guinchado precisa pagar, além da multa de trânsito (de R$ 53 a R$ 128, dependendo da infração), taxa de R$ 521 pela remoção e mais R$ 41 por dia que o veículo ficar no pátio.
Por contrato, os três consórcios têm quatro horas e meia para remover o veículo depois que é acionado. O procedimento de retirada tem que ser rápido - no máximo em dez minutos o carro precisa estar em cima do guincho.
RESTRIÇÃO
O aumento dos guinchamentos ocorre em meio a uma série de medidas da gestão Fernando Haddad (PT) que desestimulam o uso do carro - incluindo a restrição de vagas para estacionar.
Para abrir espaço para 386 km de faixas exclusivas de ônibus e 260 km de ciclovias, a maior parte delas implantadas do lado direito das vias, foram eliminadas milhares de vagas nas ruas.
Considerando as exigências da CET no edital, o número de guinchamentos ainda pode crescer. A companhia estima que possam ser feitas 3.960 remoções por mês - em julho foram 1.742, o maior número em três anos.
DESESPERO
"Meu desespero foi enorme, meus documentos, o documento do carro, a bolsa do bebê, minha carteira, dinheiro, tudo foi levado junto com o guincho", conta o pedreiro Nascimento, em frente ao pátio para onde seu Gol foi levado.
Ele conta ter ido a pé da Penha (zona leste) até o local, na Vila Guilherme (zona norte), mas não conseguiu recuperar seus pertences que estavam dentro do carro.
"Disseram que eu precisava pagar as multas que estavam acumuladas, o guincho e a diária antes. Voltei para casa com a minha esposa, sem meus documentos e a bolsa do bebê."
A situação só se resolveu nesta terça-feira (1), quando o pedreiro conseguiu dinheiro emprestado para quitar as pendências, que ficaram em R$ 1.400.
Assim como Nascimento, a estudante de arquitetura Jennifer Brissi, 21 e a fisioterapeuta Marlene Rodrigues, 39, tiveram seus carros guinchados pela primeira vez.
"Tenho 22 anos de habilitação e nunca tinha levado multa. Só neste ano, fui multada quatro vezes e o meu carro foi guinchado", diz Marlene.
"Fiquei muito surpresa, porque sempre parei ali e nunca fui nem multada. Acho um absurdo guinchar o tanto que estão guinchando. Onde trabalho, foram guinchados três carros em um único dia. Não era comum guincharem assim", diz Jennifer, que teve seu carro guinchado na terça-feira (1º), enquanto assistia aula na faculdade.
"Meus amigos presenciaram e tentaram impedir, mas não conseguiram. O guincheiro não quis esperar eles me avisarem", conta.
RAPIDEZ
A remoção dos veículos tem sido tão rápida que surpreende. O guincheiro José Luiz Siqueira, 55, diz que na empresa para a qual presta serviços foi estipulado tempo máximo de duas horas entre a solicitação e a remoção.
"Parar nesses locais pode gerar muito transtorno, há uma razão de ser proibido. É preciso respeitar", afirma.
Marlene reconhece ter parado em local proibido, mas considera "um exagero guinchar".
Ela diz que irá à Justiça para reaver o dinheiro a taxa de remoção. "Por tudo o que me informei com um advogado, cabia multa e não guincho, pois não obstruía passagem, não estava em frente a garagens nem em cima de calçada", diz.
Segundo a CET, "todo o processo de fiscalização realizadas pelos agentes de trânsito é feita de acordo com os enquadramentos previstos no Código de Trânsito Brasileiro".
A única das 19 situações de estacionamento irregular em que a remoção não é prevista é quando o carro está na contramão de direção.
O carro que Marlene dirigia é registrado no nome de outra pessoa o que dificultou recuperá-lo, já que, na ausência do dono, é preciso uma procuração.
Foram seis dias organizando documentos e tempo para retirar o veículo, que foi para o pátio na quinta-feira (27). O total de despesas, ainda sem a multa, ficou em R$ 726.

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EM QUE SITUAÇÕES UM VEÍCULO ESTACIONADO É GUINCHADO?
O código de trânsito prevê, além da aplicação de multa por estacionamento irregular, a remoção dos veículos em diversas situações, como:
Fila dupla Placas de proibido parar e estacionar Faixa de pedestre Afastado mais de 50 cm da guia Em frente à guia rebaixada ou ponto de ônibus Sobre a calçada, ciclovia, faixa de ônibus ou canteiro A menos de cinco metros da esquina

O QUE FAZER QUANDO SEU VEÍCULO É GUINCHADO?
1. Ligar para o telefone 1188 para saber para qual pátio o carro foi levado e checar valores
2. Ir a um posto do Detran para emitir guia de pagamento das taxas de remoção e estadia e de eventuais débitos
3. Após o pagamento e obtenção do documento de liberação, ir ao pátio para retirar o veículo (segunda a sexta das 8h às 19h)
Observação: objetos deixados dentro dos veículos podem ser retirados em qualquer horário pelo proprietário

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MULTA
De R$ 53,20 a R$ 127,69, dependendo do tipo de infração

PONTOS NA CARTEIRA
De 3 a 5, dependendo do tipo de infração

ENDEREÇOS DOS PÁTIOS
Rua Edmundo de Carvalho, 521 (Sacomã)
Avenida. Eng. Billings, 2050 (Jaguaré)
Avenida Morvan Dias de Figueiredo, 1809 (Parque Novo Mundo)

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