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Polícia e família divergem sobre morte de mãe de santo

A polícia Civil baiana ainda investiga se a morte por infarto da ialorixá Mildreles Dias Ferreira, de 90 anos, no dia 1º de junho, pode ter sido provocada por intolerância religiosa. Segundo parentes e amigos, Mãe Dede de Iansã, como era conhecida, comand

Da Redação

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Mãe Dede de Iansã, como era conhecida a ialorixá, tinha 90 anos Foto: Secretaria da Promoção da Igualdade Racial da Bahia / Reprodução
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Mãe Dede de Iansã, como era conhecida a ialorixá, tinha 90 anos Foto: Secretaria da Promoção da Igualdade Racial da Bahia / Reprodução
Escrito por Da Redação
Publicado em 09.07.2015, 11:21:00 Editado em 27.04.2020, 19:58:18
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A polícia Civil baiana ainda investiga se a morte por infarto da ialorixá Mildreles Dias Ferreira, de 90 anos, no dia 1º de junho, pode ter sido provocada por intolerância religiosa.

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Segundo parentes e amigos, Mãe Dede de Iansã, como era conhecida, comandava o terreiro de candomblé Oyá Deña havia 45 anos, no distrito de Vilas de Abrantes, em Camaçari, Região Metropolitana de Salvador, e infartou após uma vigília de evangélicos na porta do terreiro.

De acordo com a delegada Maria Daniele Monteiro, titular da 18ª Delegacia, mais de dez pessoas já foram ouvidas sobre o suposto crime de ódio. “Existe a perturbação clara do sossego alheio. A questão da intolerância religiosa não está descartada, mas ainda estamos investigando. Moradores que foram ouvidos não confirmaram que evangélicos se concentravam na porta do terreiro”, afirma a delegada.

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“Mãe Dede passou a madrugada da vigília em claro e na noite seguinte acabou morrendo. Gera desconforto e a gente sabe que falam muito em demônio, então, fica parecendo provocação. Mas fica complicado afirmar porque os cânticos são assim”, comenta Maria Daniele Monteiro.

A família da mãe de santo, no entanto, afirma que integrantes da igreja evangélica Casa de Oração Ministério de Cristo praticam perseguição religiosa contra frequentadores do terreiro desde que o templo começou a funcionar no local há pouco mais de um ano. “Mesmo após a morte da minha avó, eles continuam com as provocações. 

Quando temos visitas, ficam provocando e gritam ainda mais alto com palavreados que prefiro nem reproduzir. Até caixa de som colocam fora da igreja”, conta Bárbara Cerqueira, neta de Mãe Dede. Segundo ela, evangélicos se concentraram em frente ao terreiro na madrugada anterior à morte da ialorixá. “Eles rezam, mas com palavras ofensivas dentro e fora da igreja. Dizem que é coisa do demônio. Minha avó não resistiu às ofensas e acabou morrendo. Ela já havia procurado a polícia”, lembra Bárbara. A neta de Mãe Dede assegura que procurou a liderança da igreja evangélica para em busca de trégua, mas não teve êxito. “Outras igrejas já funcionaram no mesmo lugar e nunca tivemos problemas. 

O que a gente quer é respeito e que eles procurem outro local, mas a afronta continua. Querem que a gente perca nossa razão”, lamenta. O caso é acompanhado pelo Coletivo de Entidades Negras, Instituto Nelson Mandela, secretarias municipais, estaduais e federal, e Ministério Público da Bahia, que promoveu audiência com representantes de cultos africanos no dia 10 de junho. A promotora de Justiça Thiara Rusciolleli solicitou a elaboração de um dossiê com fotos, vídeos, áudios e registros policiais de casos de intolerância na região. Até o fechamento desta reportagem, nenhum representante da Casa de Oração Ministério de Cristo quis comentar as acusações sobre a morte da ialorixá, que era uma liderança importante de comunidades de matriz africana na Bahia.

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