Celebridade "pilota" avião comercial na Argentina e provoca crise no governo

MARIANA CARNEIRO
BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - A notícia causou estupor na Argentina. Um vídeo, divulgado pela celebridade televisiva Vicky Xipolitakis, a mostra ajudando a pilotar um avião comercial da companhia aérea Austral.
A aeronave levava 98 passageiros e voava de Buenos Aires a Rosario, na província de Santa Fé, na última terça-feira (22). Políticos governistas e da oposição repercutiram o ocorrido.
A Austral é uma subsidiária da estatal Aerolineas Argentinas, presidida por Mariano Recalde, que concorre a chefe de governo da capital Buenos Aires nas eleições do próximo dia 5. Ele representa o partido da presidente Cristina Kirchner, o Frente para a Vitória.
O vídeo mostra a modelo durante o voo na cabine de comando, conversando com os pilotos e tirando fotos. Durante a decolagem, ela maneja o acelerador da aeronave.
"Fui uma 'pilota' a mais, manejei o avião", disse Vicky, entusiasmada, em uma entrevista ao canal 13. "Me deu um pouquinho de medo, mas foi uma experiência muito linda".
O governo tratou de agir rápido para evitar contágio sobre Recalde. Pelo twitter, a Casa Rosada informou que a Aerolineas iria demitir os pilotos e processar a modelo. Na noite desta sexta (26), a Justiça indiciou os três por atentado à segurança aeronáutica.
Em entrevista nesta sexta (26), o chefe de gabinete de Cristina, Aníbal Fernández, disse não acreditar que o vídeo afete Recalde.
"Prejudicar não o prejudica. Se ele é responsável de uma empresa que tem uma grande quantidade de aviões, teria que viajar em todas as aeronaves? e pilotar os aviões? e servir as refeições? e cuidar dos banheiros? É uma loucura que não tem sentido".
No dia anterior, entretanto, em entrevista ao canal América, Fernández insinuou que talvez se tratasse de uma operação para ferir a candidatura do aliado.
"Não descartamos nenhuma hipótese, chama a atenção que o vídeo não estivesse no Youtube e que tenha ido direto para programas de televisão", disse. As imagens foram difundidas pelos canais de televisão 13 e TN, do rival grupo Clarín.
O polêmico vídeo virou assunto nas redes sociais e nos jornais do país.
Principal candidato da oposição, Maurício Macri (PRO) aproveitou o incidente para reforçar o seu discurso de campanha.
"Queremos transformar a Argentina em um país normal, no qual Xipolitakis não aterrissem aviões, não haja cortes de luz, nem de celulares e que as pessoas possam ir aos estádios", afirmou, durante campanha em La Rioja.
Com a repercussão do vídeo, Recalde afirmou que estava "surpreso e indignado" e afirmou que vai processar Xipolitakis. Segundo a Aerolineas, a celebridade será proibida de voar na companhia pelos próximos cinco anos.